GERALDO FELIX - VIDA BESTA
- 
						 
				 
VIDA BESTA
Finco uma estaca na memória
amarro nela o meu cavalo baio
arreio amarelo por cima
de bacheiro velho
arreio novo estalando as solas
peitoral ajaezado de fivelas
e argolas tinindo de brilhantes
amarro a cília e a barrigueira
por fim o último acessório
levo o rabicho à cauda
então com raspadeira dou
reparos ao pelo das garupas
e do pescoço, penteio o topete
do ginete e com jeito
arreganho-lhe os dentes
impondo-lhe o duro freio.
Pronta a montaria
me arrumo eu faceiro
calças de cretone
camisas de riscado
para os cabelos
quina petróleo ou brilhantina
ou mesmo óleo de coco macaúbas.
Solto o cabresto da estaca
e salto para cima do cavalo
num atmo me refestelo
e assumindo ares de sério
vou a toda brida galopando
na estrada poeirenta
em direção à vila
fazer o que de tão importante ?
Mostrar o meu cavalo que é bonito
que eu cresci e sou arisco
arrojado e destemido
que já penso em namorar
e ser marido.
Eta vida besta, eta vida boa !
Geraldo Felix Lima
 
