ESTAVA ESCRITO NAS ESTRELAS - GRAÇA RIOS




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    ESTAVA ESCRITO NAS ESTRELAS

     

    As pessoas desmontam descabelam desmancham-se horrorizadas com a covid-19 zikadengue aids (que voltou a vapor) e doenças venéreas (idem). Perdem cedo contato com a divindade.  Creem apenas no eco ego noivo de Narciso. O mundo tecnológico (ilógico) botou-lhes mils ovos nos olhos. Sacodem tagarelam discutem em linguagem fonovisual (C V U Q K?). Videogamem com ostras (serei a sereia?) lengalengam flertam com plutões glutões.                                                                                                 Daí me chamarem papagaia dos livros, por viver escrevinhando pesquisando tomando chopins no bar. Também, por vestir-me viuvalegre do sofrimento discórdia tristeza incompreensão duradoura. Na música, Deus está. Na pesquisa, está o sábio. Na escrita, mactub.                                                                        Filhos pequenos. Lecionando dois turnos, nada de fazer compras. Chego tarde, armários vazios. Geladeira, só água. Ainda sem a Capes/Mestrado, possuo, hoje, dez reais correntes. As crianças esperam. Nem trisco. Voo à Casas da Banha, agarro quatro carrinhos gigantes. Cato tudo de melhor nas prateleiras. Abarroto todas as “viaturas” e sigo contrita até o Caixa. - Ê, João bambalalão, hoje era ontem! Chame a polícia (ambos gargalhando). Óbvio que viro vara verde. Sabia, sábio sabiá? Começo a dispor zentas mercadorias na mesa. Tremor de terra. Suor e quase lágrima. Passo o primeiro carrinho. - Foi urrá, disanimô, lião?  Silêncio.  - Será...?  Encho o balcão com novos produtos. - Why, uai? Tenho ainda múltiplos embrulhos sem entrega. - Uê, malê! Sei que...  Passa passa, gavião. Tudo passa, uva-irmão?   - Num é uma graça?   - Mas...  - Muita grana, nessa hora. Carregue as compras, madame. O Sérgio leva pr’ocê. Saio louca, encho tudo que é buraco do apê. - Mãe vai à Caixa Econômica. Podem comer sossegados. Tia Valéria tá vindo.                          -Táxi, disparesse pneu. Tenho pressa. - Rose, minha fiel gerente, por favor! Os bandidos depositaram uma quantia enorme na minha conta. E eu não tenho mais...  - Calmaria, sinhá Maria.  Vou ver.  - ...você verde, né?   - Qisso, pá virada? Aqui tem vinte mil. Seus e por que não meus? Ki mané bandidos! - Como, como? - Com garfo e colher au Grand Restaurant.                                           - Eeeeeé?? (Aguaceiro caral).  - Um tal Colégio Zoroastro Viana Passos, Sabará, ficou te devendo aulas de Francês em 1978. O tutu caiu aqui - Pluft ploft!-  faz cinco minutos. Carpe diem, Rios melados...   Hein? Milagre? Talvez, mas a segurança ao entrar naquele recinto veio D? Puó essere. Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay - disse Cervantes.

    Graça Rios