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      PILATES SEM DOR

     

    Queridas piriguetes.

     

    Onze horas. Pilates. Comecemos com exercícios de alongamento. Levantem os braços até que, de fé com fé, consigam pôr as mãos no teto. Panturrilha. Para cima, para baixo, até trinta. Fácil, fácil. Respirem fundo fazendo tchá tchá tchá. É o tchã. Bombom. Peguem a corda. Estamos no carro. Dirijam para a esquerda, depois para a direita. Mais rápido rápido, puxando a corda até arrebentá-la no meio. Liguem os Lamborgas - ê, carro! -, corram pra ponte. Barriga no firmamento. Desçam dele espremendo com os dedos uma vértebra de cada vez. Desmanchando elas. Agora, pé de palhaço, pé de bailarina, dona Loquilda. Estiquem o corpo deitado da ponta do muro à outra parede. Com pílulas do Amor, tudo belezinhas! Cento e quarenta e cinco, colem umbigos nas costas. Nada impossível. Tranquilo. Sintam fundamente a supercola acabar. Pé de palhaço, pé de bailarina. Ninem as coxas por baixo. Ninem, ninem. Dorme, neném... Balangandando... Chão da esquerda, chão da direita, chão do vão, evitando cair por um triz. Eh, eh! Minhas garotinhas estão no supino acume. Cocem demais o lugar predileto do rompido hímen. Rodem as pernas cento e vinte, cento e quatro graus. Não, senhorinha Foguetim. Só o tornozelo noventa. Okay. Debruças. Vão empurrando os tacos. Arranquem um, onze, cinco, dezoito, dez. Poeira? Nem pensar. Alegria, nunca alergia. Sem pressa. Respirando cachorrim cansado aborrecido. Rá, rá, rei. Pronto! Ponham a corda num dos pés, passando nós pelos ossos do outro. De novo, corda no pescoço bem rolê. Acorda, senhora Pilatos, acorda! Assim, assim. Óbvio. Segurando-a, rolem sem parar, chegando ao segundo Carrefour. Parabéns! Now, desçavalgando, esbofando, piroteando, calmamente. Súbito, alcancem a parede inversa cabeça com segunda cabeça. No problem! Almofada no meio dos joelhos, noventa trezentos e cinquenta. Apertem apertem sugiguem até os músculos desandarem líquidos. Certim, minha amiga Ginasta. Online. Online, levantem devagar, mas em movimento acelerado. Brusco. Respirando comendo fogo bebendo própolis lentamente. Cavalguem levitando. Assentem rápido na cadeira. Não. Na pontiiinha dela, braços estendidos, costas na janela. Mãos nos pés, vão levando o corpo pra frente, 120. Pra trás, 220 wolts. Ué, ô comadre chulé, buscapé. Desliza, sá Lelé! Preguem os cotovelos na cadeira de descanso. Só seus tendões inferiores. Ótimo. Eles continuam colados aí até amanhã. Sentem levantem agachem sentem sentem agachem levantem levantem, sessenta vezes sessenta. Ombros nas costas ombros na barriga. Encambucada, hein, Tortaru?  Dezessete vezes. Empurrem calcanhares trás frente baixo, argolando alcançando a campainha da casa. Voltem pra Ferrari. Controle, povo. Corram de novo pra ponte. Saltem nela e subam a rampa, mas não se machuquem. Bumbum secou mamá sumiu. Pernas de índio. Bico bico surubico. Respirem boca a bocas, como antas. Hora de relaxar. Macaqueando abertas por cima da casa. Retorno tipo ghost à sala. Contemplem seus joelhos   calcanhares lábios sambando sós na sala de exercícios. Perfume francês. Blush. Cílios postiços.

     Nada mais havendo a constar, dou por terminada a seção (ou secção??) de hoje.

     - D. Endina, quais os melhores momentos deste Pilates?

     -Quando ganho bolacha às seis horas, e só papo ela de madrugada.

                        São momentos monumentos.

     

    Graça Rios