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Não venderei
Não venderei mais bosta de boi,
Nem abacates,
Nem rosquinhas da dona Júlia.
Perdoe-me, dona Júlia,
Minha segunda mãe,
De sorriso enigmático.
Nem engraxarei os sapatos
Da Engraxataria Brilhante
Do Guido e do Célio,
Nem os pudins da Marlene,
Saídos do fogão,
Lata de serragem.
Mas continuarei,
O homem-menino arguto
De garganta ardente,
De mente treslouca,
Escrevendo versos.
Heleno Célio Soares
