• NORMAÇO

     

    O normaço afável

    desta tarde morna

    me entorpece

    e me leva

    para uma tênue

    madorna.

     

    E no meu íntimo

    brota a idéia

    de subir à proa,

    sair do porão, ir ao convés.

     

    O barco do corpo flutua,

    pesado fardo

    e uma vontade sem vontade

    de fazer tudo

    mantém-me parado,

    mudo.

     

    Ouço de longe

    o marulho da rua.

    As ondas de som,

    calmas, violentas

    entranham-me os ouvidos

    e saem pelas ventas.

     

    Retilineamente,

    penso no vazio

    que é o pensamento

    sem corpo, fluido

    sem ser liquido,

    chama sem ser fogo,

    química sem fórmula.

     

    É no que dá o ócio

    nestas tardes estivais

    nuvens engrossando o céu,

    distante de casa

    por função profissional.

    Que bom será ser amanhã,

    que bom !

    Poder chegar em casa

    e ver a todos

    a todos abraçar

    tomar um bom café

    e ligar o som !

                                 Geraldo Felix Lima