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Filosofando numa mesa de bar
Também né?... Numa mesa de bar não é lugar para filosofar. É adequado para contar piadas, jogar conversa fora, falar mentira e rir. Rir muito e gritar ara o garçom! - Outra saideira!
Num houve jeito, no entanto.ouvi, de uma mesa vizinha, uma pessoa falar em bom tom e eu já esticando o pescoço para escutar bem mesmo que o ouvia.
Este Ministro não tem é consciência! Imaginei sobre o que discutiam em sua mesa. Aliás, vejo sempre os jornais e acompanho os noticiários.
O vocábulo “consciência” fez a cerveja borbulhar no copo e minha mente.
Ora, vem diretamente do Latim “conscientia”, que por sua vez, vem do verbo também latino “conscire”. Todo o significado dentro do campo semântico de conhecer. - Com ciência -. E olha, neste momento em que grande parte de nossos governantes não se apropriam da ciência e são meros palpiteiros, levando o povão e até alguns que se julgam inteligentes e ou sábios, no caminho da descrença do que é comprovado cientificamente.
Meu amigo de copo, como sempre o Hermelindo, que nada de lindo tem, mas que de sabedoria e experiência de vida possui em excesso, intervém em meus pensamentos.
- Heleno, o sentido de “consciência” é doído. É conhecer juntamente e, no sentido lato, é ter absoluta certeza de algo. Assim, essa unidade de conhecimento caracteriza a personalidade.
- Éh! Caro amigo, você foi longe. Discutir “personalidade” me lembra Fedro.
- Isso mesmo, Heleno! Lembro-me de que em uma de suas palestras você exemplificou o assunto que você discorria com uma história contada por Fedro. Vou relembrar e você verá que sou atento ao escutar o que me
interessa.
Enquanto Hermelindo falava, tocado por sua excelente memória e a ajuda da cerveja, um filme passava em minha mente. Outro dia eu conto o filme, que muito tem a ver com amigos e conhecidos meus.
- Continuo, amigo Pisca! Uma vez Fedro contou: Um cão encontrou uma “personna”, uma máscara teatral exposta sobre uma estaca. – Parece
inteligente e bem bonita-. E começou a entrevistá-la.
- Isso! Eu continuo. Mas como ela, a máscara, a “personna” nada respondesse, nem às festas que o cão lhe fazia, nem às latidas ameaçadoras, o cão deu a volta na estaca para melhor observar. – “ É uma lástima”. Concluiu. – “Tão bonita, mas não tem cérebro”.
- Tem mais, né, Heleno! Tenho, no entanto, certeza de onde você quer
chegar. Mas, agora é cerveja. – Outra saideira, garçom -! Não posso deixar
de completar que a ausência da consciência do fato no leva... Sim! Nos leva ao ridículo. Vemos isso em todo lugar. Na religião, na política...
- Sem dúvida. E não é que a cerveja está nos ajudando a filosofar? – Outra saideira, garçom!
- (Heleno gargalhando). Leio, escuto, vejo na televisão, jornais, recebo
mensagens no What Zap... “personna” ironizar o óbvio... Mas... “não tem
cérebro”... Concluo também.
Ah! Deixa pra lá! Os terraplanistas que se virem. Vamos desejar a todos um FELIZ NATAL. Pena eles não estarem aqui tomando um copo de cerveja conosco.
Outra saideira, garçom! Outra!... geladinha, heim?!
Heleno Célio Soares
 
