ENTREVISTADO DO MÊS DE JUNHO - José Antônio Soares (Urubatão)




Clique aqui para ampliar

Clique aqui para ampliar
  • Pingue-pongue com José Antônio Soares (Urubatão)

     

     De onde saiu esse seu apelido?

    Meu apelido é uma homenagem de meus colegas seminaristas pelo meu futebol ser parecido com o do jogador do Santos "URUBATÃO" (Urubatão, jogador e técnico, foi da década de 50 e teve Pelé como companheiro de equipe).

    Ex-seminarista leva vantagens na carreira militar?

    Intelectualmente, sim e muito; no entanto, o que realmente fazia diferença era ter a flexibilidade para lidar com o que era certo, errado e legal, em confronto com o que a gente acreditava.

    O que você gostaria de esquecer de seus tempos no seminário?

    Nada. Nem mesmo os constrangimentos para explicar os molhados na cama pelas poluções noturnas...

    E dos tempos na PM?

    Também nada a esquecer. A Disciplina do Seminário me ajudou a conviver, comandar e ser comandado.

    E o que gosta de lembrar nos dois casos?

    Muitas coisas.

    Do Seminário, as peças teatrais, principalmente uma em que Hermelino e eu representamos juntos. Estava meu personagem liderando uma mudança de lugar para melhor alimentar a família quando, para ficar, o personagem do Hermelino me ofereceu um saco de arroz. “- Com casca ou sem casca?”, perguntei. A resposta veio “com casca”. Continuei a jornada.

    Ainda do Seminário, a oportunidade de discutir e poder deduzir respostas a questionamentos que me afligiam, como por exemplo: Se Deus conhece o futuro das pessoas, por que permite a existência de quem vai para o inferno?

    Da Polícia Militar, nem tanto. Procurava ser bem profissional e dificilmente deixava a emoção interferir no meu trabalho. Essa era uma tônica nas instruções que ministrava. Como Policial Militar, não tinha a liberdade de ser quem eu era realmente, nem durante minhas folgas ou descanso. Não podia vestir qualquer roupa, frequentar boates. No meu primeiro Comando de Área, que foi Teófilo Otoni, tive que montar toda a minha casa para levar a família (dar uma de rico). Como maior autoridade da Polícia Militar, tinha que competir com as demais famílias sem ganhar um tostão a mais (não tínhamos auxílio-moradia). Se bem ou não, fui reformado no maior posto sem apadrinhamentos. O melhor que ficou foram os amigos, sendo que encontramos pelo menos três vezes por ano: Natal, Dia das Mães e dos Pais.

    Já deu uma carteirada, tipo, sabe com quem está falando?

    Não. Nem o mais comum, que era no Trânsito. Sempre fui Instrutor, o que

    moralmente me impedia de ir de encontro ao que eu ensinava.

    Como explica seu talento para a mídia digital?

    Eu era 1º Tenente do 5º Batalhão de Policiamento Ostensivo da Gameleira, recém transferido do então Batalhão de Radiopatrulhas, e recebi a missão de fazer um estudo para implantação de Companhias descentralizadas. Havia uma equipe de Cabos e Sargentos para digitação de documentos, obedecendo as prioridades do Comando. Usavam máquinas de escrever. Foi quando procurei a equipe, que sempre tinha uma desculpa para não pegar o meu trabalho. Havia um computador encostado e, com pequenas explicações, eu mesmo digitei e imprimi meu trabalho. Daí em diante, comecei a gostar. Comprei um “CP-400 Color". Já em Teófilo Otoni, toda a minha Companhia estava documentada em computador.

    Se precisar, você consegue ajudar uma missa em Latim?

    Com uma pequena repassada, perfeitamente. Atualmente, sendo mais objetivo, lamento a falta do latim, das missas cantadas, etc. Em visita ao Vaticano, deixei a Turma ir, só para assistir e participar de toda a Missa Cantada.

    Seu gênero preferido de cinema e de música:

    Um filme inesquecível: “Estrada da Vida”. Tirando os filmes grátis de rua da época, deve ter sido o primeiro filme de verdade a que assisti. Isso foi no Seminário.

    O melhor cantor:

    Clara Nunes.

    O maior pintor:

    Minha filha Francelisa. Quando baixinha, respondia a perguntas com desenhos; se desse para viver, seria com pintura e trabalhos manuais. Ela é Visagista (profissional de beleza), concursada da Rede Minas.

    Caviar ou feijoada?

    Posso ter comido sem saber, mas não conheço caviar, e feijoada, sem dúvida, é o melhor prato. Sabor e História.

    Fale de sua família:

    Segundo Gracinha, "minha Família é meu porto seguro”. Respeitando a individualidade de cada um, com suas dificuldades, necessidades e estimulando os pontos positivos, somos felizes sendo apoio recíproco para os momentos de luz e sombras que acontecem. Sou respeitado em minhas diferenças e muito me satisfaz os momentos de confraternização e encontros, sempre alegres, com o toque gratificante e sincero dos netos.

    No meu modo de ver, família não se discute. É a Instituição necessária, não sendo boa nem ruim, mas onde menos é mais e mais é surpreendente. É o arranque até poder caminhar com as próprias pernas e devolver aos filhos o recebido. Minha Família é um todo que tem de tudo, somando a de meus pais, a minha e de meus filhos. De Maria Clarinete (costureira) com João Trombone (braçal do Departamento de Águas e Esgotos da Prefeitura de BH), éramos 6 (seis) irmãos; a primeira, falecida aos três meses de idade, eu, segundo lugar de primeiro, um marinheiro falecido, uma Auditora Federal aposentada, uma aposentada do Banco do Brasil e um Fuzileiro Paraquedista - que hoje é professor de Filosofia. Casei-me com uma Professora Primária. Depois de vinte anos, nos separamos; o divórcio foi uma maneira de nos darmos outra oportunidade, dois anos depois do pagamento da última pensão. Tenho três filhos com ela, hoje um Sub Tenente do Exército, um 1º Sargento da Polícia Militar e uma Visagista. Tenho mais outros dois filhos: um com a mulher que mais mostrou ser minha amiga e que é 2º Sargento do Bombeiro em Lavras – MG; do Estado do Espírito Santo, o caçula, hoje com 15 anos, interno do SESC por concurso. Embora em cada porto um amor de marinheiro e em cada cidade uma mulher de policial, sempre procurei viver uma vida que "Cristo" viveria.

    Se fosse Papa, seria mais parecido com Pio XII ou João Paulo II?

    Nenhum dos dois. Cada um para sua época. Sinto uma grande preocupação do Papa atual em ajustar a Igreja ao tempo e me agrada o papado dele como o melhor de todos os tempos.

    E como se chamaria, Urubatão I?

    Sem dúvida, Urubatão. Todos temos um nome, mas a voz de Deus, do povo, dos amigos é Urubatão.

    Em poucas palavras, como você se define?

    Segundo Gracinha, reservado, observador, muitas vezes enigmático. Sou amante da tecnologia e suas novidades, tendo como alimento a informática. Apreciador dos filmes de ficção e tudo que envolve o "pensar". Eu próprio procuro parecer alguém accessível a uma boa amizade e gente do bem, mas na verdade sou um homem de muitas caras, sendo a principal a dos meus amigos. Sou Formado em Direito, Especialista em Direito Penal e Processual Penal, autodidata em Informática, amante das causas perdidas e das letras apagadas. Para mim, se houver um copo cheio de água onde não caiba nem mais uma gota, eu haverei de encontrar um meio de colocar uma pétala de rosa.