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Corrupção
Estou misturando idéias pra fechar depois. Vocês entenderão.
Diabos, sô! Já estou com o invólucro plenificado, até inflamado, às vezes
com acesso de ira, desespero, ânsia veemente, desejo irresistível de eliminar a corrupção de nossas terras e dentre nosso povo. Fui mais que depressa e outra vez brincar com a etimologia do dito vocábulo. Lembrei-me de meu ex-amigo, morto aos 84 anos, há pouco tempo, gaúcho, o cronista Luís Fernando Veríssimo, proprietário de uma refinada, às vezes, astuta ironia, trazendo a tese de que a origem da palavra “corrupção” está no verbo latino” rompere”, (romper, quebrar totalmente), mais a preposição, também latina “cum” ( com,co ). E vem afirmando que a corrupção só existe quando existe corruptor e corrompido.
No texto dele, pode até ter sentido. Mas eu discordo helenicamente da matriz e da semântica apresentada.
Por quê? Vamos lá! Todo lingüista sabe que o substantivo é matriz.
Dúvida quanto a isso? Então vá estudar.
Daí, “Corruptionem” ( acusativo latino), cujo radical é “ ruptio e acusativo “ruptionem) e acrescentamos o prefixo “cum” (com, co).
Mas, espere! Não fica a mesma idéia de companhia? Onde há corrupção, não há corruptor e corrompido?
Aí é que temos de analisar o sentido do vocábulo.
“Corruptionem” no sentido de corromper, deteriorar, ação de putrefazer algo orgânico.
Por exemplo: O cadáver se putrefez.
A putrefação dos peixes assustava a população ribeirinha.
No sentido moral é a degradação dos costumes, valores morais. O efeito de subornar uma ou mais pessoas em causa própria ou alheia.
Aí sim, o prefixo “cum” (com – co) traz o completo sentido de duplicidade. Corrupção tem por agentes o corrupto e corruptor.
Houve muita corrupção durante o governo tal.
Isso é: Alguém subornou alguém. Alguém foi corrupto e outro alguém ou algo foi o corruptor.
Para eu dar um passo além nesta brincadeira e tentar fugir da censura, e da qual falarei em outro texto, e também ainda buscando auxilio na psicologia e cientistas, minha mente viaja até Skinner e Pavlov.
Não! Não estou fazendo troça. Não o faria.
Burrhus Frederic Skinner, após experiências, mostra que o comportamento é influenciado por um estímulo reforçador, podendo ser positivo ou negativo . Convido os leitores ler Skinner o observar que tem sentido haver tanta corrupção em nosso país. Há estímulos convincentes para tal e onde a Justiça... Ah! Deixa pra lá!
Daí, viajei para me encontrar com Ivan Pavlov, cientista russo que fez experiência para comprovar o reflexo condicionado ligado à biologia animal.
Não vou discorrer sobre isso, né? Até porque meu objetivo é falar sobre corrupção e este texto que vocês estão lendo é apenas um pretexto ou até um pré-texto para minhas duas próximas abordagens sobre corrupção.
Vamos esperar. E eu fico aqui com um sorriso do lado esquerdo de minha
boca. E vocês tentando saber como Skinner e Pavlov entram nessa de
“CORRUPÇÂO”. Até então o próximo texto, quando vou entrar nesse mérito.
Heleno Célio Soares
