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Verbos de Ação
As estradas desoladas proliferam pelo mundo. Nelas há samaritanos e também salteadores. A narração simples e linear abraça o dinamismo da luta interior e da identidade da criatura humana ao encontro da fraternidade e da dignidade da pessoa humana.
Começa com os salteadores, consumindo um assalto. Hoje um fato banalizado. Exibe as sombras tensas do abandono e da violência. Os olhares se voltam para aqueles que passam ao largo. Distantes. Indiferentes. Um sacerdote e um levita. Não fora novidade. Eram pessoas religiosas. Os ¨salteadores do caminho¨os contabilizaram como cúmplices.
Neste fato aparece o bom samaritano, o caminhante da Samaria. Ele cuida do outro, do ferido. No ato não agiu sozinho. Estende o seu olhar lateral e encontra um estalajadeiro. Assume dívida a despesa. Continua a sua lida. Não espera reconhecimento nem tampouco agradecimentos.
Finalmente olhemos os feridos de hoje. Quantos! As Marias do Rosário continuam existindo e os delinquentes impunes. A Maria da Penha banalizada por magistrados que não honram a toga que vestem. Delegatários de poderes e investidos de múnus público. Incluam-se os deputados machistas que maculam o mandato que receberam do povo.
Minhas expectativas para 2021: que respeitem o sagrado, restabelecendo a dignidade da pessoa humana, imagem e semelhança de Deus.
No vácuo das madrugadas,
chegam os verbos de ação.
Passam Penhas e boiadas,
no plenário? Passa a mão.
Cícero Matos de Castro
São Gonçalo/RJ, 20 de dezembro de 2020.
