CRÔNICAS DO VÔ - COMO PROVA DE AFEIÇÃO




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  • COMO PROVA DE AFEIÇÃO

     

    Política costuma azedar meu humor. Não por culpa dos políticos propriamente, coitados, mas do sistema que está aí: um pau que já nasceu torto, uma erva ruim, uma tiririca.

    Para provar minha discreta simpatia com a classe política, deixo aqui uma série de ditados populares, esperando que eles sirvam de alento para os candidatos que, no dia 15 de novembro, estarão “atravessando o Rubicão”. Como haveria de dizer César, “alea jacta est”: a sorte está lançada. Merda pra eles (na linguagem teatral: boa sorte).

    Em ano eleitoral, político pula mais que milho de pipoca em frigideira quente.

    Como não existe pessoa mais agradável que um político em véspera de eleição, é preciso considerar que isso lhe custa caro, não só em termos monetários, como no dispêndio de esforço físico, no corre-corre para atender uma agenda com compromissos ultrapassando as 24 horas do dia e tantas coisas mais. Sem considerar a montagem do sorriso 3D, o Óleo de Peroba passado no rosto e o cuidado preventivo para com os calos das mãos, em decorrência dos cumprimentos aos eleitores, não obstante os resguardos necessários por causa do coronavírus.

    Condoído com tanto aperto, andei pesquisando ditados populares apropriados ao contexto, procurando ser útil a essa nobre classe, que enobrece, cada vez mais, nossa pátria amada Brasil. Ei-los:

    01 – Se é de grão em grão que a galinha enche o papo, lembre-se que, de voto em voto, você poderá, depois, encher os bolsos, cuecas e até apartamentos.

    02 – Assim como tanta coisa da política e do judiciário brasileiros, eleição é um jogo de vale tudo, onde os fins justificam os meios. Por isso, não se acanhe em fazer um agradozinho para seus eleitores de cabresto.

    03 – Esconda suas reais intenções. Nesse sistema eleitoral que temos, quem vê cara não vê coração. Por isso, capriche no visual, pois eleitores gostam de gente bonita. Invista numa plástica ou num botox.

    04 – Em poço que tem piranha, macaco bebe água com canudinho. Eleitor não é piranha, nem macaco; ele é um pobre coitado. Piranhas são seus concorrentes; portanto, cuidado com seu rabo.

    05 – Quem tudo quer, tudo perde. Modere sua ambição, pois nem sempre você poderá recorrer a um recurso infringente para livrá-lo da degola.

    06 – 07 – 08 – Três em um: Antes do resultado oficial, não pense que as eleições já são favas contadas, pois – com essa tal de urna eletrônica – é preciso colocar as barbas de molho; além disso, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

    09 – Como bem diz a marchinha de carnaval: vai com jeito, se não um dia a casa cai. Dois provérbios a preço de um: Bezerro manso mama na mãe dele e nas dos outros e Quando a carroça anda é que as melancias se ajeitam.

    10 – Política se faz com dinheiro e idealismo de mais dinheiro. Quanto à verdade, não se preocupe: Quando o dinheiro fala, a verdade se cala.

    11 – Existe um provérbio judeu que diz: Não se aproxime de uma cabra pela frente, de um cavalo por trás ou de um idiota por qualquer dos lados. Tudo bem, quanto ao cavalo e a cabra. Já o idiota, veja se está portando um título de eleitor. Se estiver, pode se aproximar sem susto, com direito a dar-lhe tapinhas nas costas.

    Etelvaldo Veira de Melo