• Chuva em Novembro

    Quando   criança

    Chovia fácil em Novembro .

    Sol entre nuvens,  vento  frio

    A chuva já caia .Tanta chuva que

    Minha mãe rezava para Santa Clara

    Clarear e mandar o sol de volta.

     

    Nas estradas a chuva fazia estragos.

    O barral  a pé já era difícil

    Que dirá de caminhão.

    A estrada virava rio,

    Minadouros aos borbotões brotavam dos barrancos.

    Bonito de ver,

    Difícil de se enfrentar.

     

    A roupa lavada,  sem secar ao sol ,

    Estendida aos poucos pelos varais

    Na sala, na cozinha, nos quartos.

    Leve cheiro de bolor podia-se sentir.

    Calor , luz e fogo vindos do fogão

    Sentidos bem de perto ou vistos de longe

    Transmitiam  uma genuína alegria.

     

    A comida quente, generosa.

    Cheiro de alho dourado na gordura de toucinho,

    Feijão refogado e amassado antes de receber o caldo .

    O angu de cortar, em  pratos formatado.

    Cheiros tão bons ainda me sobem  às narinas

    Nas lembranças daqueles dias de novembro

    Quando aprendi  o verdadeiro valor

    Do que chamamos família e chamamos vida.

     

    Geraldo Felix Lima