XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM LUCAS 16,1-13 - Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS
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XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM
LUCAS 16,1-13
Hoje Jesus se serve dum exemplo de sua época, para nos convidar à responsabilidade com os nossos bens e à criatividade para fazer presente entre nós o Reino de Deus.
1. Responsabilidade, sim. Desonestidade, não: “Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens”: a quem recebe uma responsabilidade se lhe exige ser um bom e fiel administrador. A responsabilidade deve ser de tal qualidade que deve estar preparada para “prestar contas”. Sempre existe a tentação de “esbanjar”, quer dizer, de fazer um uso inapropriado dos bens. Pensemos então na própria vida com todas as suas responsabilidades e desafios; na nossa profissão; nas nossas relações. Mas pensemos, também, na nossa atitude com os nossos bens pessoais e familiares. Somos livres perante eles? Fazemos um uso adequado deles? Sabemos partilhar? Esbanjar, significa, então, adquirir bens por vias fraudulentas; obter bens através da exploração e a injustiça; desviar o destino dos bens que não me pertencem; usar os bens para a minha autodestruição; não saber partilhar com aqueles que carecem do necessário; ser servos do que temos e não livres.
2. Criatividade para o bem, sim. Esperteza para o mal, não: “O senhor (o homem rico da parábola) elogiou o administrador desonesto, porque agiu com esperteza”. O administrador com a sua inteligência criou todo um esquema que lhe permitiu dissimular o esbanjamento dos bens que não lhe pertenciam. “Com efeito, os filhos deste mundo são mais expertos em seus negócios que os filhos da luz”. Então, Jesus nos faz o convite: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas”. Quer dizer, sendo o dinheiro um meio e não um fim, e sabendo a “força” que o dinheiro esconde para corromper o coração, temos que lhe dar uma nova orientação. Fazer uso dele como pessoas livres, sem apegos, e, sobretudo, como quem sabe que a sua maior riqueza é a experiência do amor de Deus que não passa, que tem caráter de eternidade. Também é o convite para usar de toda a nossa criatividade para fazer o bem. Quantas iniciativas conhecemos de pessoas e instituições para fazer mais bela a vida dos outros, para construir novas realidades, para a partilha. Uma coisa é certa: o amor nos faz criativos e não devemos ter medo de realizar o que o amor nos inspira. Temos que vencer a esperteza do mal com a criatividade que brota do amor. Assim, evitaremos desviar o coração.
3. Dedicação exclusiva a Deus, sim. Coração dividido, não: “Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes”. A fidelidade é uma atitude que nasce de dentro para fora, quer dizer da pessoa e não do objeto ao qual temos que ser fiéis. Quem é fiel no pouco pode ser fiel no muito, e quem é fiel no muito pode ser fiel no pouco. Não é o “pouco” ou o “muito” que qualifica a fidelidade, mas o coração da pessoa. Então, se sabemos agir com o “pouco”, que são as coisas materiais, saberemos lidar com o “muito” que é o dom do amor de Deus. Assim, não pode existir contradição entre a administração do pouco e a administração do muito. Não é que duma parte podemos ser desonestos, explorar os outros e de outra parte levantar as mãos para louvar Deus. Quem não é transparente com as coisas do mundo, não pode pretender esconder-se no templo para dissimular a sua maldade. Assim, não “podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Um coração dividido, sempre será um coração desviado. Não se pode usar criatividade para ser servo do dinheiro e servo de Deus. Quem é servo do dinheiro, poderia até utilizar as coisas de Deus para dissimular a sua esperteza (“dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias. Nunca mais esquecerei o que eles fizeram” (Amós 8,6-7). Quem é servo de Deus, coloca todas as suas forças ao serviço do bem até fazer dos bens meios para a atuação do Reino de Deus entre nós.
Peçamos ao Senhor um coração livre de apegos, prudente e sensato no uso dos bens, responsável com a partilha e criativo para gerar iniciativas de caridade.
Lembro-me de um professor que me disse: “Paradoxalmente, não todas as obras de caridade são amor”. Jamais Deus permitirá que se utilizem os pequenos para fins tortos.
Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS
