-
O Canto do Sabiá
Eu ouço a voz de um pássaro terno:
Com o seu canto, bem cedo me chama,
Parece até que ele quer ser fraterno
Ao despertar-me bem cedo da cama.
Lá, na mangueira, ele solta os gorjeios,
Ora sozinho, ora com os demais;
O belo piar de sua voz sem receios,
Dolente, ecoa em vários quintais.
Aquela ave ali surge e o lamento
Dela é doce e parece acalanto,
Pura poesia e assim me contento –
O sabiá me envolve em seu canto.
Quero ouvir, na varanda da casa,
Sua voz graciosa naquele recanto;
Ao refrescar-me a brisa que passa,
Quero curtir esse tempo de encanto.
O farfalhar tão suave das folhas
Vem se aliar ao conjunto de sons;
Nelas eu vejo ainda umas bolhas
Que ao sol cintilam – que instantes tão bons!