O Canto do Sabiá - José Celso Cenachi




Clique aqui para ampliar
  • O Canto do Sabiá

     

    José Celso Cenachi

     

    Eu ouço a voz de um pássaro terno:

    Com o seu canto, bem cedo me chama,

    Parece até que ele quer ser fraterno

    Ao despertar-me bem cedo da cama.

    Lá, na mangueira, ele solta os gorjeios,

    Ora sozinho, ora com os demais;

    O belo piar de sua voz sem receios,

    Dolente, ecoa em vários quintais.

     

    Aquela ave ali surge e o lamento

    Dela é doce e parece acalanto,

    Pura poesia e assim me contento –

    O sabiá me envolve em seu canto.

     

    Quero ouvir, na varanda da casa,

    Sua voz graciosa naquele recanto;

    Ao refrescar-me a brisa que passa,

    Quero curtir esse tempo de encanto.

    O farfalhar tão suave das folhas

    Vem se aliar ao conjunto de sons;

    Nelas eu vejo ainda umas bolhas

    Que ao sol cintilam – que instantes tão bons!