DESCONTROLE EM ATO (para mudar o rumo) - Marcos Carvalho




Clique aqui para ampliar

Clique aqui para ampliar
  • DESCONTROLE EM ATO

    (para mudar o rumo)

     

    A vida vai... já não anda

    Mais célere... tudo corre.

    Na pressa dos humanos...

    O tempo, coagido, surtou.

    Não correndo, tudo voa.

    Rápido o mundo acontece.

    Nele o ser humano agindo...

    Como quem faz acontecer.

    Porém, perdido do real...

    O homem, de vez, abilola-se.

    Apavorado, ele atordoa-se...

    Mas permanece atento.

    Afinal,tudo ficou diferente.

    Acelerado erra o passo...

    Perdendo seu compasso.

    Desajeitado, em sobrepasso...

    Em afoito descompasso...

    Como trôpego, Tropeça.

    Sem equilíbrio, cai no vazio.

    Enroscado em embaraço...

    Perde o senso no cansaço

     

    Cada vez mais alucinante,

    Segue, atônito,  estonteante...

    Em rítmo, assaz, inebriante...

    De um mundo pululante.

    Sem tempo... perde a hora,

    Cai à margem da história.

    Pasmo, desconcertado,

    Caminha... juízo claudicante.

    Anda "gauche" pela vida...

    Como diria certo Drumond.

    Porém,  no tempo, perdido...

    Faz uma ocasião de espera...

    Na esperança de achar...

    Saída honrosa e esperta...

    Para Incógnita tão certa,

    Que de sua vida se acerca.

    Querendo ser acertivo...

    Imagina-se bem certeiro...

    Mas, atropela o oportuno...

    Por ser demasiado ligeiro.

    Na balada, embala a razão...

    Desenfreado pelo novo...

    Rompe a marca do tempo...

    Perdendo, dele a intuição.

     

    Visivelmente extenuado...

    De tanta luta Inglória,

    Põe-se como moribundo.

    Trabalho acabado, finito,

    Queda, exaurido, na inércia...

    No poço de sua desilusão.

    Sente-se, mesmo, ser torto...

    Vivendo, inteiro, à margem...

    Do social não acompanhado.

    Segue sem moral ilibada,

    Com uma descabida ética.

    Desconhecido de um todo...

    Ou, ignorado por inteiro...

    De uma sociedade cibernética.

    Resta-lhe, então, somente...

    Aceitar a derrota evidente...

    Em previsão,  eminente.

    Já bem fora de esquadro...

    Ainda, como humano  tomba...

    Combalido e desfigurado...

    Por uma celeridade viral...

    Do mundo, tecnicamente...

    Tornado tão vil  e desigual.

    Põe-se, já  desfalecido.

    Como ser, foi esquecido...

    Obsoleto e descartado...

    Pela engrenagem, moído.

    No fim de tudo, acabado

    Mas, de tudo, sobrevivo,

    Percebe uma recompensa:

    Não viveu à toa, seu tempo...

    Muito menos, foi banal...

    Em seu viver temporal.

    Teve, como ser, seu sentido.

    Quedou-se tão firme ser...

    Fazendo parte da sentença...

    Dita por um poeta da viola,

    Um certo sertanejo raiz,

    Tião Carreiro,  modesto,

    Pagodeiro, do sertão de outrora:

    "Morre o homem,  fica a fama".

     

    Assinalou no tempo certo,

    Mesmo que seja efêmera,

    Mesmo não sendo  em tudo,

    Uma dignificante existência.

    Adaptou-se como pôde...

    A presente tão controverso.

    No término de sua jornada,

    Consciência preservada...

    De uma vida examinada,

    Ficou-lhe o senso correto...

    Da missão determinada.

     

    Marcos Carvalho