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    -Bom dia, Heleno. Depois daquele dia em que falamos sobre o BELO e que deu origem  a um interessante texto, só fico Kaculesando. Quero ir adiante ao tema e por isso andei lendo sobre tal. Vamos continuar refletindo e filosofando sobre esse assunto?

    - Kaculesando... ( estou morrendo de rir do processo de formação de palavras que você tão notória e ironicamente usou). Kaculesando...Eh! Gostei da criatividade! Vai ficar como título de nossa conversa, viu? É sem dúvida um hibridismo e que tem muito a ver com sua figura de alta cultura, advogado e delegado e mostra sua face brincalhona e que sabe rir de si mesmo. Kakós, do grego: feio, disforme, sujo, defeituoso e outros significados afins dentro do campo semântico, mais o gerúndio do verbo lesar: molestar, ofender fisicamente, prejudicar...

    Assim então, kaculesar

    seria uma ofensa ao feio, ao disforme. Genial, caro amigo desde o Conventão.

    E  aqui, sem dúvida vamos falar do BELO.

    O  FEIO fica para outro dia. Ou então a

    gente deixa para outro colega, mais feio do que nós, para  discorrer.

    - Não pensei isso, Pisca-Pisca. Só brinquei com meu apelido seminarístico, pois estou cansado de ser chamado de doutor, senhor delegado ou senhor HermeLINDO.

    Achei, no entanto, interessante você transformar o “kaculesando” em estudo linguístico. Só mesmo poderia sair de você que tem a ironia nos poros,  um provocador sutil de fazedor de história.  Aceito, pois, a semântica apresentada.

    - Kaculé, vimos até agora, o BELO subjetivo, não foi? Foi até publicado no site do exsecordis. Agora, vamos falar do BELO objetivo como vocêo percebe... Desde que me informou o que tem lido e pensado sobre o tema.

    - O BELO objetivo, caro Heleno, ou a BELEZA deve satisfazer três condições:

    1 – Integridade;  2 – Ordem;  3 – Clareza  e ou Esplendor.

    - Sei! Chamarem você de HermeLINDO... Ah! Foi demais! Feio e barrigudo assim... Mas... Lindo... não!!! Foram buscar lá longe, lá na Mesopotâmia ou Egito o mitológico Hermes Trismegisto, legislador e filósofo, possivelmente entre 1500  a 2500  AC. É bom pesquisar. Agora não é hora para falarmos sobre ele.

    1 – Integridade... Continuo: Algo não pode se impor à nossa admiração se é mutilado, defeituoso. Assim, o torto, o cego, o maneta não são belos, pois lhes falta a integridade orgânica.

    - Então, amigo, você está me dizendo que você e eu somos não somos belos porque já estamos desgastados pelo tempo, pela idade, barrigudos?... Ah! Falta-nos a integridade orgânica? É por aí? (Não gosto deste “POR Aí)! Quero discutir isso com você! Depois, viu? Me contaram que  isso é cacófato.  Mas... Continue seu raciocínio!

    - 2- Ordem. A ordem que diz respeito ao BELO é a ordem de coordenação que se define como  a unidade na variedade. A variedade recreia o espírito.

    - Entendi. Os antigos romanos já diziam: “ Varietas delectat”. Assim, a uniformidade é monótona. E dentro de seu raciocínio, a monotonia anula o BELO, não é assim?

    Certo! É dessa maneira que penso. Um amontoado de coisas díspares, sem coordenação, acaba por fatigar o espírito. A unidade, então, liga entre si, as diversas partes do objeto para que as forças cognitivas nele se concentrem, com facilidade, e descubram, de pronto, a perfeição de que é dotado.

    - Estou escutando sua fala e deixo que você brigue com os pintores, músicos e artistas em geral, que há muito tempo, e principalmente hoje, não seguem mais este raciocínio e desejam que nós descubramos beleza numa confusão que eles fazem Se for pintura... Então!... Você, Kaculé , está defendendo a idéia  de que, descoberta a perfeição do objeto, a beleza ressalta e inunda a alma de gozo estético? Sei que muitos filósofos consideram a ordem elemento essencial do BELO. Por exemplo: Platão diz: “A beleza do corpo, da alma, de todos os seres vivos não é um efeito do acaso, mas resultado da ordem, da certeza, da arte que dão a cada coisa o que lhe convém”.

    - Pois é, Pisca-Pisca. Não defendo nada. Estou somente mostrando a discussão do BELO através de Platão.  Aristóteles afirma que o BELO consiste na grandeza e na ordem.

    - E santo Agostinho m São Tomás de Aquino, Bossuet, entre outros não a omitem quando definem o BELO. Tenho absoluta certeza de que é assunto pra mais de légua. Eu ficaria aqui discutindo e falando sobre isso a vida toda, porque gosto e fico me deliciando em ouvir quem concorda e quem discorda de tantas considerações.

    3 – E finalmente, Heleno! A Clareza ou Esplendor. A clareza é a evidência da ordem. A perfeição é como um brilho que logo fere os nossos olhos. Imediatamente, percebemos se uma coisa é perfeita ou defeituosa.

    - Entendi, Kaculé! Nota 10, amigo! Vamos caminhar juntos, tenho certeza. Estou agora me lembrando de que Voltaire teve razão de definir o gosto: “ O sentimento de belezas e dos defeitos em todas as artes é um discernimento tão rápido como o da língua e do paladar”. E  por hoje é só! Em nosso próximo encontro virtual vamos falar sobre os diversos conceitos do BELO. Ok?

     - Combinado, amigo! Até a próxima.

    Heleno Célio Soares