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Silêncio e meditação
Já o incêndio, desta vez,
Quase o fez... Quase me nocauteou.
Já, a úmida neve,
Em seu branco silêncio,
Também me açulou.
E surgiu, avassalador,
O deserto grande, cinzento
Qual oceano infinito,
Tragando o navegador.
Nessa guerra,
Quebrante de vozes livres,
Reconstruo, abafando desejos,
Passo a passo,
Até bebendo orvalho da madrugada,
E andando vou. Só não voo.
Ah! Como Hamlet...
Enxergando fantasmas absurdos,
Me levanto, cingido!
Nem podendo mais incomodar
As rosas plantadas em outros jardins.
Prendo-me, agora, Príncipe Hamlet,
Saciando a sede necessária
De quem me pede a beber,
Com os olhos e novos gestos,
Na única fonte que aprendeu a visitar.
E assim... Sou!
Heleno Célio Soares
