IX DOMINGO DO TEMPO COMUM – Marcos 3,1-6 - Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS



  • IX DOMINGO DO TEMPO COMUM – Marcos 3,1-6

     

    1.      Memória da liberdade. “Guarda o dia sábado para o santificares” (Dt 5,12), é fazer memorial da salvação: “lembra-te que foste escravo no Egito e que de lá o Senhor teu Deus te fez sair” (Dt 5,15). Assim, porque Deus nos salvou (nos fez livres), a celebração se evidencia melhor quando a nossa vida concreta faz a vida do outro também mais humana: “teu escravo e tua escrava repousem da mesma forma que tu” (Dt 5,14). Todo ato que desumaniza o outro me desumaniza da mesma forma e estará em total contradição com o que celebramos na liturgia. O que se diz em relação com o sábado é válido para nós cristãos em relação com o Domingo, dia em que celebramos a Pascoa de Cristo, o dia da nossa salvação. Assim, a celebração do Domingo se deve prolongar na vida.

     

    2.     Preservação do dom da salvação: vivemos o momento presente da nossa vida cristã no paradoxo da beleza e grandeza do dom recebido e da fragilidade e limitação da nossa vida concreta: “trazemos este tesouro em vasos de barro” (2Cor 4,7). Pensar-se-ia que semelhante dom do Amor precisasse de um receptáculo perfeito e imaculado, mas não. Deus age por infinito amor e misericórdia, e de fato a permanência do Amor no mundo, mesmo nas vicissitudes, nos fala da permanente necessidade que temos dele. É o Amor que nos sustenta na nossa  fragilidade. Se assim não fosse, “a aflição, a angústia, os apuros, a perseguição, os sofrimentos” já teriam vencido.  É por isso que “não somos vencidos, mantemos a esperança, não somos desamparados nem derrubados” (cfr. 2 Cor 4,8-10). 

     

    3.     “O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado” (Mc 2,27): é possível louvar a Deus evitando ou impedindo fazer o bem? “Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo” (v.2; cfr. v.6). A contradição de celebrar o dia da liberdade, impedindo a liberdade do outro (o “homem da mão seca”; v.1) é como celebrar o amor impedindo amar, ou celebrar a paz incentivando a guerra, ou como celebrar o perdão guardando rancor. É o bem que se deve fazer como expressão e evidência de um autêntico louvor a Deus: “Levanta-te e fica aqui no meio!” (v.3) – “estende a mão” (v.5). Assim, “é possível no sábado fazer o bem ou fazer ou mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?”. É possível em nome da fé passar por cima do outro na litigância ou na total indiferença? Ou ocupar-se tanto de Deus ao ponto de esquecer o irmão? Ou perceber um ato de amor e misericórdia como errado porque está em contradição com nossas ideias? Não se pode primar um preceito sem espírito, se este não celebra a vida que nos vem de Deus. A omissão (do amor que faz o bem) em nome de Deus é uma aberração, é um pecado que revela a dureza de coração (cfr. v.5). Há muitos zelosos de ideias, mas coniventes com a falta de Amor.

     

    Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS