- 
						 
				 
Água Viva
A água
dorme
na talha
saudosa
de cardumes.
Inventa
vazios
e espaços
para peixes
miliares
miúdos e
graúdos.
A água
se cala
na forma
redonda
funda
e apagada
da talha
saudosa
de mares.
A água
tem ânsia
de ser corrente
derramar-se
pelas vertentes
encharcar
o chão.
E dentro
da limitada
prisão
sonha ser
cachoeira
escorrer pela
torneira,
ser bebida.
Entedia-se
tecendo
o lodo devagar
amanhã
água dormida
será desprezada
em qualquer esgoto
ou fundo de quintal.
A água sabe
o abandono
aparente
sabe-se necessária
a todo bicho, planta
e gente
vê seu destino
com um misto
de resignação
e auto-estima.
A água
em sua plasticidade
universal
não tem formas,
tem força,
corpo,
pujança
a que nenhum
outro elemento
resiste ou alcança.
Geraldo Felix Lima.
 
