PENTECOSTES – ATOS 2,1-11 / JOÃO 20,19-23 - Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS



  • PENTECOSTES – ATOS 2,1-11 / JOÃO 20,19-23

     

    Pentecostes (50 dias após a Páscoa) foi, inicialmente, uma festa para agradecer a Deus os frutos da primeira colheita (Ex 23,16), depois passou a ser uma festa religiosa para agradecer a Deus o grande fruto da Páscoa, ou seja, o dom da Aliança no Sinai (Lev 23,18-20). Neste contexto (At 2,1), Jesus cumpre a promessa do envio do Espírito Santo. Assim, para nós cristãos, Pentecostes é a festa do dom do Espírito Santo: “Vinde, Espírito Santo enchei os corações dos vossos fiéis!”.

     

    1. O dom de Jesus ressuscitado: Jesus nos oferece o dom da paz (abundância do amor): “A paz esteja convosco” (Jo 10,19.21); e perpetua o perdão (medida do amor) pela ação do Espírito: “Recebei o Espírito Santo, A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (v.22). O Senhor nos envia a ser testemunhas de sua paz e do seu perdão: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (v.21). É o Espírito Santo quem sustenta e anima a Igreja (garante o influxo permanente do Ressuscitado), que cria a unidade; é Ele que leva a Igreja a anunciar as maravilhas de Deus; é Ele que faz presente o Mistério Pascal de Cristo nas nossas celebrações.

     

    2. Ventania que enche e fogo que transforma: Dois sinais nos ajudam a compreender a ação do Espírito: vento e fogo. “Veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania” (At 1,2) e o Evangelho nos diz que Jesus “soprou” (Jo 20,23) sobre os discípulos. O vento é como o sopro vital de Deus, que comunica a vida, que penetra tudo e enche tudo com a sua presença. O fogo (no AT é sinal da presença poderosa de Deus) transforma tudo o que toca. Assim, o Espírito Santo é Deus-Amor derramado em nosso coração que penetra e transforma tudo. “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele”. “Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei”.

     

    3. Babel ou Pentecostes: Babel é a divisão na uniformidade, pois, “toda a terra tinha uma só língua, e servia-se das mesmas palavras” (Gn 11,1), e “querendo tornar célebre o seu nome” (Gn 11,14) terminaram por se confundirem e não se compreenderem uns aos outros (cfr. Gn 11,7.9). Assim, quando iniciamos projetos à margem do amor e segundo os interesses particulares, terminamos na confusão. O egoísmo nos torna cegos e incapazes de viver a comunhão e a solidariedade. Em Pentecostes acontece tudo ao contrário: “Moravam em Jerusalém, judeus devotos, de todas as nações do mundo” (Atos 2,6 cfr. v.9-11), mas a multidão falando dos discípulos, que cheios do Espírito Santo “começaram a falar em outras línguas” (At 2,4), diz: “todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus em nossa própria língua!” (At 2,11). Mesmo que sejamos de diferentes culturas, raças e línguas o Espírito Santo nos faz um só povo, cria a unidade como fruto do amor. Só o Amor nos faz irmãos. Mais do que pensar em “falar em línguas”, trata-se de falar a linguagem do Amor. Onde está o Espírito há unidade, e onde há unidade está o Senhor. A divisão será sempre um escândalo, pois esta não vem de Deus.

     

    “Vinde, Espírito Santo. Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós”  

    Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS