ESCRITOS HELÊNICOS - PARADOXOS




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  • Paradoxos

     

     

     

    Todos os paradoxos podem ser reconciliados se nos deixam perplexos. Simplismo é acreditar e tomar como verdadeiras as aparências, sem necessidade de estabelecer atenção aos contrassensos, mesmo aparentes e buscar compreensão dos fatos ou fenômenos que nada mais são (seriam) do que a manifestação individual de fenômenos universais nos diversos planos: mental, material, espiritual... Necessita o homem sair de seu medíocre laboratório e raciocinar, inteligentemente, do conhecido para o desconhecido ou caminho inverso. E quando se fala em raciocínio, não se quer aqui elegê-lo como algo mais importante no ser vivo, mas juntamente com todos os sentidos humanos, que devem ser igualmente vividos, experimentados. A partir daí, o razão estabelece o fluxo e o caminhar.

    Olhe o termômetro. Onde termina o calor, onde começa o frio? Não há, na verdade, esse “onde”, esse espaço. Há uma variação de grau. Onde cessa a obscuridade e onde começa a luz?  Veja, pois, tudo é uma questão de ritmo. Descobri-lo e seguir o caminho, sem muito cansaço, usando-o como instrumento de sua viagem.

    É na busca do entendimento de aparentes contradições que existe a possibilidade de mudar as vibrações dos pólos antitéticos. Para essa mudança, reafirmo: Deve-se caminhar para descobrir o ritmo das coisas.

    Nesse contínuo esforço intelectual, a compreensão do humano, do eterno explica e reconcilia os diferentes pontos de vista. Consagrar, caro (a) leitor (a), um tempo para obter o domínio da reconciliação dos paradoxos é arte que nos traz alegria, angústia, dor, até porque é difícil admitir que possa haver alguma coisa além da exposição primeira.

    Tudo tem fluxo e refluxo. Maré enchente e maré vazante. Ação e reação. Marcha e retirada.

     Entende, agora, um pouco mais a Lei do Ritmo? E também a compreensão dos paradoxos? Como escapar de seus efeitos (se essa for a solução) na própria pessoa? Aprendemos a neutralizar o princípio do ritmo pendular que pode arrastar-nos a pólos intranqüilos. “Tudo existe e não existe ao mesmo tempo. Todas as verdades são meio falsas, há dois lados em tudo, todo verso tem seu reverso”.

    É um princípio hermético (tenho absoluta certeza de que você já percebeu isso), no entanto, podemos assim entender que a diferença entre as coisas que se apresentam opostas é simplesmente questão de grau. Esse princípio nos ensina que os pares de opostos podem ser reconciliados.

    Entendeu? Algo hermético, como o raciocínio que introduzo, vai, indubitavelmente, levar o leitor (a) à antipatia de continuar lendo e buscando soluções, que só ele (a) pode encontrar, ou à teimosia pura do raciocínio, como bem nos ensinou o grande mestre do antigo Egito, Hermes Trimegisto.

     Não é o caso de aqui se falar do mesmo, nem de sua imensa obra, ou de seus conhecimentos transmitidos a todas as gerações que o sucederam. Na verdade, poucos são os iluminados para entender as leis herméticas.

    A intenção também é levar o leitor à curiosidade de receber inteligentemente as verdades “herméticas”, que não são para um iniciante comum. Mas se você chegou até aqui, espero sua curiosidade para as próximas sessenta páginas que oportunamente virão. Hermes, possivelmente, contemporâneo e mestre de Abraão, cansava o discípulo, fazendo-o pensar, descobrir, no labirinto de idéias, uma verdade, ou um melhor caminho para seguir sua jornada. Nada é fácil, nada é difícil. Por exemplo: Vamos discutir uma idéia qualquer. Tomemos, escolhido a esmo, o tema SOFRIMENTO.

    Se ligarmos a maior intensidade da dor à inteligência, à razão, poder-se-ia dizer que sofrimento é alegria, ou que alegria e dor variam de ser para ser. Assim, as vibrações da mente, corpo, espírito, alma, serão compreendidas, com mais ou menos intensidade. É a Lei da Compensação. O homem que se entristece, enraivece ou se alegra etc., sutilmente, está sujeito a alegrias, tristezas, sofrimentos, sutilmente.

    O porco sofre (se alegra) muito pouco mentalmente. O homem (homo sapiens) sofre (se alegra) em grau absolutamente maior. Existem, ainda, temperamentos que permitem um grau muito inferior de gozo ou sofrimento, e, igualmente, há outros que permitem um gozo ou sofrimento mais intenso. A verdade é que a capacidade para sofrimento e gozo é contrabalançada em cada indivíduo. A Lei da Compensação está aí em operação. ("É uma oportunidade para os criminalistas discutirem o “Mens Rea”).

    Ouso dizer que, antes que alguém possa gozar certo grau de prazer, deverá ser movido, proporcionalmente, para outro pólo da sensação. Esta Lei está sempre em ação, esforçando-se a contrabalançar, e sempre vindo a tempo, sendo necessário esforço mental, físico, equilíbrio dos sentimentos para o movimento de volta ao ritmo.

    Heleno Célio Soares