ESCRITOS HELÊNICOS - ARTE-FINALIDADE




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  • Arte – finalidade

     

    A finalidade da arte, já dizia  Platão . É a  procura do Belo. Por isso se diz que a arte é bela e se opõe ao “ofício”, também chamado de arte mecânica ou industrial”, cujo fim é a produção do útil.

    Para mim a arte é o meio adequado de representar sensivelmente o Belo. Nem pretendo aqui entrar em divagações filosóficas sobre o que seja o “Belo”. Dá um tratado. Se você quiser, um dia, posso-lhe enviar um estudo que fiz, muito interessante, (eu acho), (pode ser chato para outros), (tô nem aí), sobre o BELO a partir de considerações buscadas entre filósofos da Grécia antiga até os estudiosos atuais.

    Mas, vamos lá: No caso aqui, quero falar sobre POESIA e a sua POESIA. Afirmo contra todos que pretendem definir poesia... Penso-a, faço-as, leio-as dessa maneira: Somente o coração é poeta. Poesia é música, é cadência, é sonoridade, e  deve deixar o leitor divagando, descobrindo ou abrindo portas. Para cada leitor haverá mensagem. No entanto, exige do poeta aperfeiçoamento, pois ele está trabalhando com arte, estilo. Buffon afirmava que “o estilo é o próprio homem”. Veja só! Ele se esqueceu que estilo significa aperfeiçoamento. Mas agora não é hora de brincar com o ensaísta e crítico francês. É você quem tem de pensar nisso. Se poesia é a expressão do sentimento, vou, além disso. Afirmo que, metafisicamente, o belo, o verdadeiro e o bem (é bom relativar isso) são noções que se identificam em cada ser.

     Daí então a poesia está calcada no sorriso, na raiva, nas contradições e etc.etc., de cada um de nós. Todos, de alguma forma, somos poetas. Alguns, como você, conseguem externar os sentimento através da palavra escrita.

    A poesia escrita, ou qualquer outra deixa de ser pessoal. Seu valor é atemporal e até não-espacial.

    Roman Ingarden defendia, assim como Husserl, a necessidade de conhecer o sujeito e o objeto para entender melhor o texto poético. Discordo. O texto-poético vale por si. O ontológico para mim deixa de ser o fazedor de poesia e passa a ser o leitor, que se torna, naquele momento e naquele espaço, um novo autor.

    Posso, dentro do texto, como ensina minha antiga amiga Maria Luiza Ramos, em “FENOMENOLOGIA DA ARTE LITERÁRIA” ( gosto sempre de citá-la), fazer e criticar o texto literário usando alguns critérios tais como: Estrato fônico, estrato óptico, estrato dos objetos representados, estrato das unidades do texto, sei lá mais o quê!

    Prefiro, no entanto, externar o mundo exterior e também o interior, despreocupado com considerações teóricas e jamais preocupado com a crítica. Se alguém gostou ou não gostou. (Ah)! Não estou preocupado, em poesia com a raiz e sim com as flores.

     Não vou mais ficar teorizando. Hoje somente escrevo sem ser escravo. Saboreio, de uma vez, o sentimento que me envolve e não me subordino a regras nem às palavras.

    Heleno Célio Soares