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NOVO VERÃO
Fim de Primavera,
Início de novo Verão.
Claro que sei.
Adquiri, no Grande Mercado de Nietzsche,
Artefatos para meus poemas.
Lá há ferramentas para multiuso.
Abrem e fecham qualquer porta.
Irritam e incomodam
Os incipientes ao manuseá-las.
Escrevo com sangue,
Neste início e terceiro verão.
Não são provérbios,
Nem livro de sabedoria.
Sou do mercado
E entendo quem não me compreende,
Se não encontram aqui
A satisfação que procuram.
Por isso, faço-me de bufão
E rio-me ( como sempre ) dos piegas
Mas tarde, esses falsos hermenêuticos
Abandonarão, descontentes, o corpo-cadáver,
Que, como Zaratustra, carregam em seus ombros.
E eu continuo rindo-me,
Como sempre, helenicamente.
Mesmo com tantas pedras cortantes
E navalhadas em meu caminho.
Quem quiser, ainda há tempo de conversão...
Se em mim amparar.
Venha logo!
Sou corrimão, não sua muleta.
Venha logo. O verão está presente,
Com ventos fortes e diferentes.
Eu sopro um novo ar,
Antes preso em meus pulmões.
Desço, aos poucos e cuidadoso da montanha.
Minha voz continua forte
E vem das puras fontes.
Minha alma? Também da fonte.
Meu coração? Do lado esquerdo do peito.
Que prazer em recebê-los.
Heleno, aos amigos hermenêuticos do Exsecordis – Novembro- 2022
Heleno Célio Soares
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