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CALMA
Heleno Célio Soares (*)
Calma?
Como haver calma entre nós
Se não vejo mais as pessoas?
Só diviso indivíduos...
Calma?
Como obter calma
Se, lá fora, a vontade de vida
É só vontade de poder?
Como sentir calma
Se não percebes o outro ao teu redor?
Como haver calma dentro de mim
Se apagas incêndios com lança-chamas...
Se buscas, o tempo todo, o desassossego?
Como ter calma,
Se a felicidade está batendo à tua porta
E tu não a abres?
Diz-me como ter calma
Se te vejo como um incendiário de ódio
Entre nós?
Não! Não pode haver repouso em mim...
Não pode haver calma!
Tu bem sabes que, à tua frente,
Há mentiras e tu as abençoa.
Estou aqui,
No alto da montanha,
Ébrio de confiança:
Que descobrirás,daqui a pouco,
Os espinhos que teimam em não sair de ti.
Que entenderás que as tempestades
São como chuvas de pedra.
Elas passam.
Do alto desta ,montanha,
Eu sinto o vento.
Não estou calmo.
Porém, ainda me resta a esperança.
(*) Caro Vicente: Sou um caminhante. E vou descobrindo novos caminhos. Eu não os tracei. Um abraço, amigo!
 
