-
UMA VISÃO
Seguimos buscando, não paramos.
Vamos atrás do brilho,
atrás da cor, atrás do fulgor.
Não nos cansamos nesse intento.
Caminhamos sempre de onde tem menos
para onde tem mais luz.
Buscamos o lado luminoso das montanhas.
Tomamos asas emprestadas aos pássaros.
Sobrevoamos morros, rios, serras,
alcantilados e cordilheiras.
Vencido o medo de voar, sustentamos
a leveza de nossos corpos
acima do fio das navalhas
menosprezando evitáveis ou supostas quedas.
Remontamos rios e reflorestamos estepes.
Bafejamos nosso sopro quente sobre
as planícies congeladas e fazemos
crescer plantas variegadas,
buscando alucinação e sustento.
Asas involuídas, sentamo-nos a comer,
festim de emoção, sorvendo néctar,
mel e aguardente das conchas de nossas mãos.
Revivemos os tempos da inocência,
reconhecemos a indulgência como caminho,
colocamos a ferver pecados em um cadinho
para evaporar o caldo da fundição das armaduras
e flutuamos nas gélidas e tórridas águas
das cordilheiras e dos pantanais.
* * *
Geraldo Felix Lima
Rio de Janeiro / 16-10-2011.
