FELIX SCRIPTA - O MEDO NOS DESALINHA




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  • O MEDO NOS DESALINHA

     

    Quem sou , quem somos ,

    o  coletivo  gênero humano ?

    Pergunta perdida no esgar da boca

    e nas circunvoluções cerebrais e auditivas.

     

    De onde viemos,

    para onde vamos ?

    A resposta nos obtusa e nos consome.

     

    Esta  inquirição

    acende o medo e a fome.

     

    Hoje, ontem e amanhã

    não  são produtos de prateleira.

    Não podemos guarda-los

    ao  nosso bel-prazer.

     

    Guardar o ontem

    depende de nossa memória.

    Fazer o hoje

    depende de nossa vontade.

    O amanhã reclama nossa coragem.

     

    Memória; incólumes

    o coração e o cérebro,

     

    o  coração seleciona,

    o cérebro retém e guarda.

     

    No  sentido da autopreservação

    Orienta-nos o coração

    a jogarmos fora as memórias amargas.

    As doces, às vezes as queremos

    e o cérebro as nega.

     

    A vontade se arrefece com a idade.

    De onde nasce este motor da vida ?

     

    Nasce dos “Rins”, na tradição

    da milenar  Medicina Chinesa.

     

    E o que pode lesar os “Rins”

    e  desse modo a vontade ?

    O excesso de trabalho, o stress e o medo.

     

    O  medo mais sutil do ser humano

    é  o medo da pobreza;

    daí nasce o excesso de trabalho e

    tudo que a ele se soma  .

     

    Ao medo sutil,

    acrescentamos ao nosso dia

    a cada dia e hora

    medo do governo do país onde habitamos,

    medo  dos maus negócios,

    medo das doenças agudas e crônicas.

    Uma infinidade de sintomas e emoções

    miasmáticos nele  tem sua origem .

     

    Quando o medo se instala em nós,

    parasitariamente,   vai substituindo

    e  anulando a vontade.

     

    E de par em par

    as  portas do nosso ser

    a  todo  mal parecem abertas .

    Sentimento de frustração,

    esforços  não compensados e inúteis,

    um grande freio nos trava e nos emperra.

     

    Não é prisão temporária,

    é  prisão a domicílio,

    dentro  de nosso corpo e alma.

    Resta-nos emitir um grito,

    primeiro para nós mesmos,

    depois para os que aguardam a nossa verbalização;

    amigos, família, médicos, orientadores espirituais.

     

    .

    Desse terreno nascem o ódio e a raiva

    que nos imobilizam numa constante postura de luta .

    O medo, ainda cedo

    torna-se pai da indecisão

    e às vezes da coragem suicida.

    O medo nos traz a paralisia mental.

     

    E  nos aflige com o pensamento

    obstruído, obsessivo, estagnado.

    E a preocupação manietadora

    torna-se nosso caráter provisório.

    Buscamos compensações; não podemos

    conviver eternamente com o medo.

     

    A ansiedade crescente leva-no

    às compulsões mais diversas.

    A gula está mais à mão,

    mais fácil de ser alcançada.

    Comemos mais que queremos e que precisamos.

    Voltamos à fase oral , por assim dizer.

     

    A toxicomania, a adição pode nos  levar

    ao alcoolismo, tabagismo e  a muitas

    performances aditivas, alimentadoras e destruidoras

    de um ego performático.

     

    A luxúria : sexo pelo sexo, sem prazer, sem amor,

    sem referências à preservação da espécie,

    mendigando amor e coração, sem amor próprio,

    nem caindo em si sobre a própria miserabilidade.

    Essa obstrução da vontade pelo medo,

    leva a inação subsequente, a indecisão,

    a  estagnação do pensamento.

    Perdemos   as oportunidades,

    somos  levados à letargia e ao non-sense.

    São esquecidas por nós todas as responsabilidades

    por nossos  mais comezinhos atos.

     

    Os parasitas da energia vital, espirituais, não materiais,

    nos conduzem à paulatina destruição de nossa forma física

    e por consequência da nossa existência terrena, de maneira precoce,

    o que é incompreensível aos olhos de nossos pares.

     

    Geraldo Felix Lima

    Belo Horizonte

    10/06/2011