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    Quando

     

    Quando o vasto peso do desejo...

     

    Quando a fúria da tempestade...

     

    Quando a força da imensa cachoeira...

     

    Quando o caçador já...

     

    Quando as pistas sugerem aparecer...

     

    Quando a onda lambe a beira da canoa...

     

    Quando os raios se lançam em todas as direções...

     

    Quando o sangue já pulsa em ritmo frenético...

     

    Quando a folha das flores leva num lance a luz...

     

    Quando os dedos das mãos já tremem...

     

    Quando já não somos nem tão leves...

     

    Quando nem o antigo nome é lembrado...

     

    Quando nem se sabe a hora...

     

    Quando o verso, antes sonoro, hora é confuso...

     

    Quando não se sabe mais

     

    O que fazer no tablado...

     

    Então...

     

    *  *   *

     

     

    Canto do pescador

     

     

    Cantam os lábios – vermelhos.

     

    Cantam os cílios – tão negros.

    Cantam os olho – pertinho dos meus.

     

    Canta todo teu “corpo-espondência”.

     

    Cantam os beijos ardentes

     

    E cantam meus dilemas,

     

    Dentro da tempestade

     

    Inebriante.

     

    Heleno Célio Soares