Meus oitenta anos

Oração de Hermelino Moura Pereira – 30/03/2022

Oitenta anos vividos, ora na inocência, ora no pecado, mas sempre abençoado pelo perdão de Deus; poucos chegaram ou chegarão a esta idade, pelo que agradeço, com toda a minha fé, ao Deus misericordioso.

Ao olhar para minha trilha, moldada  no exemplo e na orientação de meus pais, Marcelino Vicente Pereira e Almira Moura Pereira, patriarcas da grande família Moura,  agradeço a Deus e a eles pela  minha existência, plantada na fé em  Deus poderoso, que foi crucificado para nos redimir dos  pecados. Agradeço, igualmente,  à família construída nos últimos  50 anos, e aos  inúmeros amigos.

Por tudo isso, percebo que nesta trilha deixo a minha  pegada de amor, de amizades, de olhar transparente e  sem culpa,  de uma convivência  compartilhada , abençoada com dois filhos maravilhosos, plenos  de virtudes e de amor, que me  presentearam com dois lindos netos, Davi e Mateus.

Sinto-me tão convicto do meu bem existir, ao me perceber, no eterno retorno de Friedrich W. Nietzsche, feliz em voltar pela mesma trilha, com o mesmo agir e com a mesma fé.

Mas a travessia é longa ,  por densas florestas, cortando cipós, cortando galhos, evitando espinhos, superando inúmeras dificuldades, sempre com a inestimável ajuda  da minha virtuosa  esposa, companheira, amada, amante,  e dos meus queridos filhos; já  avizinhando o término da floresta trilhada, antevejo,  por entre suas escassas árvores, um  convite para  aproximar-me  de uma imensa planície que se descortina  parecendo  ter o céu  como limite.  Tal planície se mostra coberta por  uma relva de azaleias brancas, pontilhada por ipês floridos de inúmeras cores; ali só existem paz, amor, fraternidade, igualdade;  não há  racismo, pois todos , que alegremente ali  habitam , são incolores.

Sinto saudade de um passado que ainda não passou e na existência do que , embora pareça existir ,  não existe mais (como diria Pablo Neruda ) ;   embora seja inexorável a passagem, resisto e, a passos lentos,   me aproximo da planície  na esperança do reencontro com  meu sentido de existir e com minha  verdadeira origem:  o amor de CRISTO, onde viverei eternamente.

Aquele que crer em Deus, ainda que morra,  viverá. (João 11:25)

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Hermelin(d)o completa oitenta anos. Ele é um dos decanos da nossa EXSECORDIS. Sempre presente em nossos encontros, com seu jeito brincalhão  e carisma agregador. É bom estar ao seu lado, ouvindo “causos” ou contando-lhe algum , só para se deleitar com o seu único e  farto  só(r) riso .

Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte e atual Presidente da CNBB, em seu artigo semanal “Exercitar-se na fé”, postado ontem  no site EXSECORDIS, assim nos diz: “Viver é uma arte que pede exercícios para se encontrar o sentido da vida.”

Hermelino sempre se exercitou, desde os saudosos tempos vividos no “Casarão” da Sagrada Colina do Coração Eucarístico de Jesus, e a sua “oração”, feita ao celebrar seus oitenta anos, ratifica a afirmativa de que ele efetivamente encontrou o verdadeiro sentido de sua vida.

Celebramos com ele o Dom da Vida , desejando-lhe muita saúde e muitos anos de vida plena  entre seus familiares e seus amigos/irmãos.

Vicente de Melo