SINAL DOS TEMPOS - SEBASTIÃO RIOS JÚNIOR




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  • SINAL DOS TEMPOS

    Choveu, e chove. E como! Torrencial, inconstante, incessantemente. Paisagem até então imaginária, raramente ou nunca vista ou vivida.  Outro dilúvio, talvez!  Vingança da natureza?  Contra quem ou o quê, e por quê?

    Rios alagados, barragens e diques rompidos. Aguaceiro e lamaçal a inundar e invadir campos, cidades, prédios e casas. Habitantes ilhados, impossibilitados de se desvencilhar, desalojados, sem teto, e, quiçá, na  fome e miséria. Estradas interditadas, deslocamentos interrompidos. Desmoronamentos, desbarrancamentos e avalanches varrendo e soterrando tudo pela frente, ou aguaceiro afogando criaturas e animais indefesos.

    Enquanto isso, por sua vez e pela força da água, produto da natureza, chora a montanha. Choro incontido, brotado de olhos aterrorizantes e ameaçadores. Abundantes lágrimas jorradas em forma de cachoeiras devastadoras. Mas, por que tanto choro? Seria para demonstrar crueldade, diante da maldade humana que as destrói, em busca e exploração de riquezas minerais, ou será produto da mente devastadora?

    Já nossas lágrimas escorrem de temor e tristeza, sabendo que estamos abaixo, em seu pé, sujeitos ao seu castigo. Obriga-nos a correr, afastar-nos, sempre que possível, do lugar que mais amamos, dessa natureza tão exuberante, onde encontramos nosso refúgio e nos é tão benfazeja, nossa alegria de viver.

    E, apesar de tudo, dirigentes e políticos inescrupulosos exploram e abusam da criatura humana. E, para piorar mais ainda, uma guerra se descortina. O elemento humano (ou desumano) insaciável, insatisfeito com o que possui, abusa de seu poder. Conquistar ou reconquistar terras, ser um dominador, é o que importa. Danem-se a destruição em massa, a vida do semelhante. Importa a guerra, a vontade de mostrar para o mundo que está acima de tudo. O todo poderoso, desafiante do Criador.

    Mera coincidência do destino ou parte da provação divina, essa aliança com a triste realidade virótica ora vivida pela humanidade, essa maldita pandemia, além de outros acontecimentos indesejáveis?

    Certo é que essas situações circunstanciais nos despertam para uma reflexão sobre aquilo a que se sujeitam os humanos. Um alerta para o sentido de ser e de viver.

    A criatura não deve se dar ao luxo de cuidar ou se preocupar, demasiadamente, com coisas materiais, ambições e riquezas. Sobretudo, devem imperar o amor ao próximo, a caridade, o caráter, a honradez e o senso humanitário. São virtudes e valores pessoais admiráveis e marcantes que exornam a personalidade.

    De que vale ser decantado por outros feitos se a conduta humana é medida e avaliada pela nobreza de seus gestos? E se todos estão sujeitos às intempéries cruéis que vêm sempre com o crepúsculo da existência, como tais, inclusive, ao castigo que a natureza impõe. Prevalecem, sempre, a consciência do dever cumprido e a paz de espírito.

     

    Sebastião Rios Júnior