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    Desejo e Direito

     

    Desejo e direito são escritos com “d”.

    Desejo com seis letras e direito com sete.

    Mas há uma diferença intrínseca entre os dois :

    desejo é espontâneo, nasce dentro de mim

    e assim, posso alimentá-lo com meus pensamentos

    e decisões ou posso repelí-lo se o acho

    incongruente com meus objetivos e ideais.

    Direito seja o natural ou legal, alguém já pensou

    nele antes de mim, se nenhum humano,

    pelo menos Deus já o definiu como tal.

    Hoje existem pleitos diversos, tentando transformar

    desejos em direitos; e muitos se confundem e

    gritam aos berros : “eu tenho direito “,

    quando na verdade o que existe mesmo

    é apenas o desejo, legítimo ou não,

    bom ou nefasto para si e para outros,

    mas apenas desejo.

     

    A luta mais árdua que existe hoje

    é a de transformar desejos aparentemente legítimos

    em direitos, por legislação complementar

    ou mesmo mudando o texto da lei maior.

    Esta luta assinala que vivemos em um ambiente

    democraticamente arejado onde predomina

    a tolerância mútua e aceitação incondicional

    da decisão da maioria numérica.

    Quando questionamos e não aceitamos

    a decisão da maioria estamos opondo

    nossos desejos a direitos erigidos

    com a justiça casual , matemática

    que se torna por força das leis em definitiva.

     

    O que não se pode aceitar é que qualquer desejo

    se torne, sem fundamentação real,  um direito “legal”.

    Isto nos levaria inevitavelmente a um cipoal

    incompreensível de direitos que daria, daí

    em diante, lugar a incontáveis interpretações

    e à criação de uma biblioteca de quimeras.

     

     

    Geraldo Felix Lima

    Confins/ 17/11/2021.