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Século XX
Despeço-me de ti
e te amo muito
pois em ti nasci.
Mas não foges ao balanço,
és como todos
um século contraditório.
Século de Lumière,
da imagem em movimento;
da imagem muda
e da imagem falante.
Século de Gandhi,
pai da não violência .
Século de Hitler,
estatizador da violência ,
século da barbárie
genocídios vários,
século da compaixão,
de Madre Teresa de Calcutá,
de Lady Dy,
Século da distância sem limites
e dos limites alargados,
dos não limites humanos.
Século da violência suja
e da violência limpa.
Século da alegria infinita
e da tristeza inaudita.
Deus, Vós, pra quem
os século são nada
mandai para nós
um século onde
o ser humano tenha seu primado
e onde o ser humano
seja tratado como
vossa criatura
merecedora de todo respeito
depositário de toda dignidade.
Livrai-nos da fome torpe,
da opressão do homem pelo homem,
dai-nos coragem
para combater o bom combate,
semear a palavra que liga
dar o abraço que reata
buscar a verdade
mesmo a que fustiga
e nos leva de novo
a por o pé em boa estrada.
Dai-nos, Deus, enfim, um
coração generoso e compassivo,
cidadãos de um milênio novo
em uma sociedade renovada.
Geraldo Felix Lima
31/12/1999
NOTA: O escritor e médico , José Geraldo Felix, colaborador deste Site, faz um breve balanço do que ele denominou de “contraditório” século XX, destacando pontos significativos em diferentes setores da vida em sociedade. Ao concluir seu poema analítico, pede a Deus que dê às criaturas humanas um coração generoso e compassivo para que todos tenham um mundo renovado, de esperanças, de império da Verdade que liberta, enfim, que a humanidade seja mais feliz. Já estamos há 21 anos de um novo século e qual a análise você, prezado leitor, faz deste novo milênio? A postagem, hoje, do poema, escrito ao apagar das luzes do século XX, é oportuno para que possamos fazer um balanço e, ao mesmo tempo, tomarmos consciência de nosso engajamento no processo de construção de um mundo novo, sob a égide da fraternidade e amor entre as pessoas.
