ESCRITOS HELÊNICOS - O PROLETÁRIO




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    O Proletário

     

    Cada um de nós decide

     

    De sua vida o rumo.

     

    Também a instituição , em revide,

     

    O faz, rompendo os penhascos,

     

    Colhendo nossas aspirações

     

    Em seu céu, ou nosso inferno.

     

     

    Por isso, a sede e fome abruptas

     

    Dentro de meu peito.

     

     

    A instituição nos emprega,

     

    Ela nos desemprega,

     

    Aumenta ou reduz nosso salário.

     

    Escolhe o sistema de saúde e a educação...

     

    O que lhe é necessário.

     

    É poderosa:

     

    Nos salva ou nos condena,

     

    Nos insere ou  nos exclui,

     

    Gratifica ou nos pune.

     

    E como diz o poeta Maiakowisk:

     

    “Depois de entrar em nossa casa...

     

    Já não podemos fazer nada!

     

    Por isso, espinhos ferem o meu peito.

     

     

    Por isso, em meu peito,

    A chaga que já derrama a vermelha lágrima.

     

     

    Se não pararmos esse ato contínuo,

     

    Estaremos em eterno desgaste.

     

    Dias e anos se passam

     

    E sempre me escondo como um traste,

     

    No assomo branco das ondas,

     

    Ou no bravio mar que esmaga.

     

     

    Por isso, não me deixo levar,

     

    Sem me debater,

     

    Nem de noite, nem de madrugada.

     

     

     

    Não à renúncia do poder

     

    De quem tem o poder...

     

    Para o bem ou para o mal.

     

    Quero a ânsia de ser sujeito,

     

    De decidir, em conjunto, em solidariedade,

     

    De ser agente da liberdade,

     

    Sujeito de meu destino,

     

    De soar com o som forte ou macio do sino.

     

     

    Por isso, dentro de meu peito,

     

    O cordeiro manso e o feroz lobo.

     

     

    Expresso-  me nos canais,

     

    Os mais diversos.

     

    E peço para ser ouvido.

     

    Certamente, sua consciência não age

     

    Como papagaio de pirata.

     

    É preciso caminhar, influindo no poder

     

    De quem quer apresentar meu destino.

     

     

    Por isso, dentro de mim

     

    Floresce uma muda de rosa.

     

     

    E aos poucos, vou resmungando...

     

    Já sou como arrulho das fontes.

     

    Descubro o rio preso em suas margens,

     

    E as margens protetoras do curso de suas águas.

     

     

    Por isso, entendo

     

    O furor e a mansidão,

     

    O grito de zanga

     

    Não há mais lugar para covardes.

     

    Necessário é buscar libertação.

     

     

    Vou-me transformando em ponte.

     

    Aparecem até novas amuradas.

     

    E, dentro de mim,

     

    Um trabalho cidadão e silencioso prateado.

     

    Abro a mão esquerda

     

    E me acendeio,

     

    Na busca soberba da vida

     

     

    Por isso dentro de meu peito

     

    A busca incansável de libertação.

     

    Heleno Célio Soares