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A VERDADE
Há uma semana, uma questão vem me atormentando. *“O que é a verdade”? *Pensei, pesquisei, me confundi, estudei o tema e vi diversos conceitos de filósofos e até o que seja a *verdade* para alguns religiosos, para advogados, mestres em Direito...
Lembrei-me do filme *THE MATRIX* e lá estava a seguinte cena dialogal:
“-Que é verdade”?
- De seres escravo. Tal como toda gente, nasceste na escravidão, numa prisão em que não consegues cheirar nem tocar. Uma prisão para tua mente. Sabes do que estou a falar? Queres saber o que é? É o mundo em que foste levado a acreditar para esconder a verdade.
- Isso (mostrando uma cadeira) é verdadeiro?
- O que é verdadeiro? Como é que define verdadeiro se estás a falar sobre o que podes sentir, cheirar, provar, ver... O *“verdadeiro*” são sinais elétricos interpretados pelo teu cérebro. Tens vivido num mundo de sonho, Neo! Bem vindo ao mundo real!
- Não acredito em ti. Não acredito isso. Não posso voltar para trás?
- Não! Mas... Se pudesses, quererias mesmo voltar?
-Não há problema. Liberta a minha mente.
- Tens que compreender que a maioria dessas pessoas não está preparada para ser desligada. E muitos estão tão habituados... São tão dependentes do sistema que lutarão para protegê-lo”.
Caros amigos e amigas! Alô, caríssimos exsecordianos!
Em nossos dias, são muitas as cavernas em que nos envolvemos e pensamos ser a realidade absoluta. A tendência é a elaboração de reflexões aplicadas a diversas situações do cotidiano, de sua profissão,de seu engajamento político, sindical,associações de classe em que o mundo sensível ( A Caverna) é comparado às situações como o uso das drogas, manipulação dos meios de comunicação, algum sistema político-econômico que nos escraviza, o desrespeito aos direitos humanos e por aí vai.
Há pouco tempo lhes falei sobre o Mito da Caverna de Platão. Releia. Há melhores versões, tenho certeza. Para cada leitor atento e inteligente, disposto a filosofar, o Mito da Caverna abre caminhos para melhor compreensão da vida e, por que não? De nós mesmos.
É possível debater sobre o resgate de valores, famílias, amizade, trabalho e capital, direitos humanos, solidariedade, honestidade e uma gama de outras reflexões.
O importante é sair da Caverna. O Mito da Caverna é um convite permanente à reflexão.
- No entanto, caro Heleno, você pode me explicar o que é VERDADE, o que é VERDADEIRO?
- Bem direto, Vicente! Tanto o Mito da Caverna quanto o filme a que assisti nos direcionam à busca dessa compreensão. Vamos lá! Você que fez filosofia, o que pensa sobre isso?
- Vamos pensar juntos, caro amigo Heleno! Verdade... Veritas, atis... Vero, is ...A raiz tanto do substantivo ”veritas” quanto do adjetivo“vero” é a mesma. Daí a palavra “ vereador” Quem abre veredas para se descobrir algo, para se chegar a um melhor lugar... Xiii! Caro Heleno, o campo semântico é maravilhoso. Tentativa de encontrar o melhor caminho.. aquele que desvenda.... Que vai retirando obstáculos...
- Discutir um tema é isso mesmo. Estamos minerando o ouro e encontraremos um bom conceito para VERDADE.
Gostei, caríssimo Vicente. Boa linha de raciocínio. Só para discussão... Vou lhe dizer que a VERDADE é uma relação de conformidade entre oconhecimento e a coisa conhecida. Aristóteles já dizia que“a verdade é o que é. E o que não é não é”!
- Uau! Pisca-Pisca! Então a verdade deve ser considerada no espaço e no
tempo e, por que não, também numa cultura? O que é verdade lá pode não ser aqui?
- Estamos vendo, então, que essa discussão filosófica é para sempre. A verdade implica uma relação e a relação deve ser feita mediante um ato de inteligência. A existência e o pensamento de um ser inteligente são, portanto, a relação “ sine qua non” da existência de uma relação de
verdade.
- Entendo sua fala, Heleno. E posso assim resumir: Conforme a coisa se conforma com a inteligência ou a inteligência com a coisa, temos duas espécies de VERDADE.
- Vicente, só para lembrar nossa origem religiosa e de seminário vamos
colocar Santo Agostinho na discussão. Ele dizia: “ Ea est veritas, quae ostendit id quod est”. Esta é, pois, a verdade ontológica.
- É isso. “ veritas est adequaetio rei et intellectus”. Viu como eu não esqueci o velho latim, também? Assim posso entender que: Tudo o que existe é ontologicamente verdadeiro porque se conforma com a inteligência divina, que concebe eternamente a idéia de suas obras. A verdade ontológica é da alçada da metafísica.
- Vicente, vamos fazer uma coisa? Este tema é verdadeiramente alucinante. Vamos lançá-lo como desafio para nossos amigos do Exsecordia opinarem, comentarem e enriquecerem-no.
-Boa ideia, Heleno. Mas nós continuaremos a discussão. Está de acordo?
- Claro! Vou começar a me preparar para isso. Até porque agora quero é tomar uma taça de vinho. Aceita meu convite? ”In vino veritas est”? Está certo meu latim? kkkkkkk
Heleno Célio Soares
 
