- 
						 
				 
Ressurgências
Seguimos nosso caminho diário vendo a mudança nas árvores,
descortinando o amanhã, tentando advinhar o futuro próximo .
No terreno queimado, mesmo sem ter vindo a chuva,
começam a surgir brotos de grama e brachiaria
matizando o negro escuro de carvão e cinza
com pequenas e mínimas pinceladas
verdes, marrons, vermelhas ou mesmo chegadas ao crayon.
As árvores, cansadas de serem verdes, despencam suas folhas
ao chão, buscando o laranja encarnado, o vermelho e mesmo o marrom acinzentado.
Os debluns de suas folhas se abrem e cobrem o chão em quantidade
e as flores conspícuas vão se anunciando e uma energia inesperada
explode em folhas miliares, verdes-marrons, marrons-verdes, tenras
despreocupadas com o desalinho formando para
os frutos novos que chegam um aconchegante e macio ninho.
Deslumbrados diante da natureza cuidadosa
comemos as primeiras cagaitas ainda verdes,
segundo muitos , mais deliciosas que as maduras.
E com o passar dos dias o chão vai ficando coalhado
de um amarelo quase dourado e rapidamente
esquecemos da seca, da fumaça, da poeira em elevação
quando as primeiras gotas de chuva molham nossas cabeças
e vão molhando o solo no inicio fazendo uma farofa de poeira
e depois o barro, a lama e quando forte, um riacho instantâneo.
Geraldo Felix Lima
 
