SANTO DO DIA - SÃO JOÃO CRISÓSTOMO (13/09)




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    FONTE: pt.wikipedia.org

    SANTO DO DIA – SÃO JOÃO CRISÓSTOMO (13/09)

    João nasceu em Antioquia em 349 ou 347 de pais greco-sírios. Diferentes estudiosos questionam se sua mãe, Antusa, era pagã ou cristã. Seu pai era um oficial militar de alta patente de nome desconhecido e morreu logo depois do nascimento de João.

    Seu batismo ocorreu em 368 ou 373 e ele foi tonsurado leitor (uma das ordens menores da Igreja). Por conta dos contatos de sua mãe, que era influente na cidade, João iniciou seus estudos sob a influência do famoso professor pagão Libânio. Com ele, João aprendeu muitas das ferramentas que futuramente utilizaria em sua carreira como retórico e também adquiriu sua paixão pelo grego e sua literatura.

    Porém, Crisóstomo foi se tornando cada vez mais dedicado ao cristianismo conforme crescia e, ainda jovem, foi estudar teologia com Diodoro de Tarso, o fundador da reconstituída Escola de Antioquia. De acordo com o historiador cristão Sozomeno, Libânio teria dito, em seu leito de morte, que João teria sido seu sucessor "se os cristãos não tivessem roubado-o de nós". João já vivia em extremo ascetismo e, por volta de 375, tornou-se eremita. Nesta época, passou dois anos continuamente em pé, dormindo muito pouco e decorou a Bíblia. Como consequência disso, seu estômago e seus rins foram danificados permanentemente e sua saúde se deteriorou tanto que ele acabou sendo forçado a voltar para Antioquia.

    Antioquia

    João foi ordenado diácono em 381 por Melécio de Antioquia, que, na época, não estava em comunhão com Alexandria e Roma. Depois da morte de Melécio, João se distanciou de seus seguidores, mas não se juntou a Paulino, seu adversário no cisma que dividia a Igreja de Antioquia. Em 386, depois da morte de Paulino, foi ordenado presbítero por Evágrio, sucessor dele. Foi João que, depois disso, conseguiu reconciliar Flaviano I de Antioquia, o indicado por Roma e Alexandria, os sucessores de Melécio e os de Paulino, unificando novamente a sé de Antioquia sob uma única liderança depois de quase setenta anos do chamando "cisma meleciano".

    Em Antioquia, num período de doze anos (386-397), João ganhou enorme popularidade por causa da eloquência de seus discursos na "Igreja Dourada", a catedral da cidade, especialmente suas iluminadoras aulas sobre passagens da Bíblia ou ensinamentos morais. Sua obra mais valiosa desta época é "Homilias", que versa sobre os vários livros da Bíblia. Enfatizava a caridade e se mostrava sempre preocupado com as necessidades materiais e espirituais dos pobres. Falava também contra o abuso da riqueza e das propriedades pessoais:

    “Desejas honrar o corpo de Cristo? Não o ignores quando está nu. Não o homenageies no templo vestido com seda quando o negligencias do lado de fora, onde ele está mal vestido e passando frio. Ele, que disse "Este é o meu corpo", é o mesmo que diz "tive fome e destes-me de comer" e “quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:40)... Que importa se a mesa eucarística está lotada de cálices de ouro quando teu irmão está morrendo de fome? Começa por satisfazer a sua fome e, depois, com o que sobrar, poderás adornar também o altar.” —  Comentário sobre Mateus

    Sua compreensão simples e direta das Escrituras — contrária à tendência alexandrina de utilizar interpretações alegóricas — implicava que os temas de seus discursos eram práticos, explicando como a Bíblia poderia ser utilizada na vida cotidiana. Este tipo de pregação é que tornou João tão popular. Ele fundou ainda muitos hospitais em Constantinopla para tratar dos pobres.

    Um incidente ocorrido durante uma de suas missas em Antioquia ilustra bem a influência alcançada por suas homilias. Quando Crisóstomo chegou em Antioquia, o bispo da cidade teve que intervir junto ao imperador bizantino Teodósio I em nome dos cidadãos que, enfurecidos por um discurso de João, saíram pela cidade mutilando estátuas do imperador e de sua família. Na mesma época, durante a Quaresma de 387, João pregou vinte e uma homilias nas quais convidou seus ouvintes a meditarem sobre seus próprios erros. De grande impacto na população, muitos pagãos se converteram ao cristianismo e, por conta disso, a vingança de Teodósio, um devoto cristão, não foi tão severa quanto poderia ter sido.

    Arcebispo de Constantinopla

    Crisóstomo e a imperatriz bizantina Élia Eudóxia, esposa de Arcádio, uma de suas grandes adversárias. Depois de condená-lo ao exílio, Eudóxia se arrependeu e convenceu o marido a trazê-lo de volta com medo de uma punição divina.

    No outono de 397, João foi nomeado arcebispo de Constantinopla sem que o poderoso eunuco Eutrópio ficasse sabendo. Curiosamente, ele teve que deixar Antioquia escondido porque se temia que a despedida de alguém tão popular pudesse provocar uma revolta.

    Durante seu mandato como arcebispo, João teimosamente recusou participar ou realizar festas e banquetes luxuosos, o que tornou-o muito popular entre o povo, mas também valeu-lhe muitos inimigos na aristocracia local e no clero. Não ajudou também sua reforma clerical, que obrigava que todos os sacerdotes regionais deixassem a corte (e seus prazeres) e retornassem para suas igrejas, que era onde deveriam estar servindo, e, para piorar, sem receber nada em troca.

    O período que Crisóstomo passou em Constantinopla foi ainda mais tumultuado que o anterior, em Antioquia. Teófilo, o patriarca de Alexandria, queria colocar a sé de Constantinopla sob sua esfera de influência e não apoiou a nomeação de Crisóstomo. Num episódio local, Teófilo havia disciplinado quatro monges egípcios (que passaram a ser chamados de "os Altos Irmãos") por apoiarem as doutrinas de Orígenes. Sentindo-se injustiçados, eles fugiram para Constantinopla e foram recebidos por João, dando a Teófilo o pretexto que precisava para acusar João de ser partidário de Orígenes, cuja doutrina era condenada na época.

    Outro inimigo de João era Élia Eudóxia, esposa do imperador Arcádio, que assumiu (provavelmente com razão) que a fúria do arcebispo contra a extravagância das roupas femininas era um ataque direto a si. Eudóxia, Teófilo e outros adversários realizaram um sínodo em 403 (o chamado "Sínodo do Carvalho") para acusar João de ser um origenista e conseguiram depô-lo e bani-lo.

    Não demorou muito e Arcádio teve que chamá-lo de volta, pois o povo se revoltou com sua partida. Além disso, um terremoto ocorrido na noite de sua prisão convenceu Eudóxia da insatisfação divina e ela pediu ao marido que chamasse João de volta. Porém, a paz durou pouco. Uma estátua de prata de Eudóxia foi erigida no Augusteu, perto da catedral. João, implacável, denunciou as cerimônias dedicatórias e acusou a imperatriz em termos duros: "Novamente, Herodíades se regojiza; novamente se preocupa; novamente dança; e, novamente, deseja receber a cabeça de João numa bandeja", uma alusão aos eventos da morte de São João Batista. Mais uma vez João foi banido, desta vez para a Abecásia, no Cáucaso.

    Por volta de 405, Crisóstomo passou a apoiar, moral e financeiramente, os monges cristãos que estavam aplicando as leis imperiais contra os pagãos, destruindo templos e santuários na Fenícia e regiões vizinhas.

    Morte e canonização

    Foi durante a sua viagem à Abecásia, para onde havia sido exilado, que João morreu em 14 de setembro de 407.

    Transporte das relíquias de São João para Constantinopla. Um discípulo de João, São Proclo, que era então o arcebispo de Constantinopla, cuidou para que a transferência fosse realizada durante o reinado do filho de Élia Eudóxia, Teodósio II

    Iluminuras do Menológio de Basílio II

    Tendo que enfrentar o exílio, Crisóstomo apelou a três grandes nomes da Igreja: o papa Inocêncio I, o bispo de Mediolano, Venério, e o bispo de Aquileia, Cromácio. Inocêncio protestou contra o banimento, sem sucesso. Em 405, enviou uma delegação que tinha por objetivo interceder em nome de Crisóstomo, liderada por Gaudêncio de Bréscia, mas ele e seus dois companheiros enfrentaram muitas dificuldades na viagem e não chegaram a Constantinopla.

    Mesmo exilado, as cartas de João ainda exerciam grande influência em Constantinopla e, por isso, ele foi exilado para uma região ainda mais longínqua que o Cáucaso (onde esteve entre 404 e 407), a cidade de Pítio (moderna Bichvinta), na Abecásia, onde um túmulo é ainda hoje visitado por peregrinos como sendo de João. Porém, João não chegou lá e faleceu em Comana, no Ponto, em 14 de setembro de 407, durante a viagem. Suas últimas palavras foram "Glória a Deus por todas as coisas".