XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM LUCAS 18,1-8 - Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS
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XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM
LUCAS 18,1-8
O Evangelho de hoje nos faz um convite muito explícito: “Rezar sempre, e nunca desistir”. Proponho três elementos para compreender melhor este convite (Quem reza; A quem reza e Como reza)
1. Rezar como a viúva
Lembremos que a situação da viúva é a total indigência: está totalmente desprotegida. Ela não tem nem como subornar o juiz (“é pobre e tem um adversário”; v.3), mas a sua força é a insistência (“foi durante muito tempo pedir justiça”; v.4). Assim, quando rezamos, o fazemos como quem sabe que a sua única riqueza é o mesmo Deus perante o qual vivemos uma atitude de abandono. E se rezamos a Ele não precisamos “suborná-Lo”, pois sabemos que a relação com Deus é gratuita. (Indigência; Abandono; Gratuidade).
2. Rezar a Deus que é justo
Jesus coloca o juiz como “antítese” de Deus. Se este juiz injusto (“não temia a Deus, e não respeitava homem algum”; v.2) faz justiça por egoísmo e por conveniência pessoal (“Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha agredir-me!”; v.5), e Deus, que é justo, bom e misericordioso, “não fará justiça aos seus escolhidos?” (v.7). Assim, rezamos sabendo que para Deus somos os seus “escolhidos”, ou seja, os seus amados. A viúva entende que o juiz deve fazer-lhe justiça. E nós; entendemos que Deus nos ama gratuitamente e por isso rezamos com confiança?
3. Rezar sempre, e nunca desistir (v.1)
A oração não é um apêndice na nossa vida cristã. Ela nos ajuda a colocar perante Deus a nossa vida com tudo o que ela implica. Assim, como não se pode viver sem ar, também não se pode viver a experiência cristã sem a oração, já que nela vivemos permanentemente a experiência de estarmos sob o olhar amoroso de Deus. A oração não pode ser algo circunstancial, como se fosse um “bombeiro” que apaga o fogo. Ela é uma atitude permanente que nos permite colocar no coração de Deus nossas esperanças, alegrias, tristezas, angustias, etc. Nenhuma realidade de nossa vida pode estar à margem da oração. Alguma vez escutei: “não se trata de rezar muito, mas de rezar sempre”. A propósito do que às vezes falamos, “não tenho tempo para rezar”, me lembro do que um santo disse: “Rezar é ter tempo, porque sempre teremos tempo para aquilo que amamos”.
Peçamos hoje ao Senhor que nos ajude a rezar sobretudo para entrar na sua vontade, pois não é Deus que deve entrar em nossa vontade. Ainda que vivamos situações angustiantes, saibamos manter a serenidade e esperança de quem vive sob o olhar amoroso de Deus. Que saibamos ainda agir conjuntamente com a vontade de Deus, pois Deus não deve fazer o que nóspodemos fazer, com as forças e qualidades recebidas (Deus faz, o homem se faz). A justiça não chegou à porta da viúva, ele fez um movimento “vinha à procura do juiz” (v.3). Que como Moisés (Êxodo 17,8-13), mantenhamos as nossas mãos levantadas para vencer as adversidades e, mesmo que se tornem pesadas, Deus nos sustente com a sua força. Agimos sustentados pela força de Deus, mas a força de Deus não deve substituir o nosso esforço diário. A oração faz com que Deus e nós atuemos conjuntamente.
Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS