XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM – LUCAS 14,1.7-14 - Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS
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XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM
– LUCAS 14,1.7-14 —
Existem muitos modos de aparecer: como aquilo que verdadeiramente somos, e isto nos permite viver com serenidade; como aquilo que não somos: seja cheios de si mesmos ao ponto que ninguém tem lugar em nós, até explodir; seja levados pelos ventos até perdermos qualquer noção de dignidade.
1. “Não ocupes o primeiro lugar” (v.8): Jesus denuncia qualquer intenção de aparecer e progredir passando por acima dos outros. Penso também na atitude de querer aparentar aquilo que não se é. Desconhecendo o valor de nossa dignidade que brota de dentro, temos que procurar exterioridades que nos mostrem como “mais”; quando, em realidade, o valor não está no “mais”, senão no “ser autenticamente o que se é”. Este “ficar envergonhado e ocupar o último lugar” é ser posto em evidência. Se tirassem da nossa vida os “mais”, como ficamos? Envergonhados? Ou brilhará a beleza que não precisa dos “mais”.
2. “Vai sentar-se no último lugar” (v.10a): O último lugar não significa achar-se pouco, mas digno. Porque seja no primeiro ou no último lugar sabe-se valioso e não precisa de enfeites para aparecer "mais". Sentar-se no último lugar é sinal de humildade, e a humildade implica a verdade. Reconhecer-se aquilo que se é. “Amigo vem mais para acima” (v.10b), é o convite do dono da casa que reconhece a dignidade do seu amigo. Penso que esta é a experiência que se vive quando conhecemos o amor de Deus. Experiência que eleva a nossa dignidade, que nos ajuda a despertar para esta bela realidade: mesmo que se esteja no último lugar — se quem o ocupa se sabe amado por Deus — sabe que é digno. Não é o lugar que nos faz dignos, o que faz digno o lugar é quem o ocupa.
3. “Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos” (v.13). Esta expressão é muito iluminadora, porque nos faz entender que todo ser humano é digno. Este tipo de convidados não tem nada para oferecer, nem devolver, nem pagar. Investir neles é “perda”. Mas justamente é isto que nos faz entender o valor do outro. Não se valoriza o outro por aquilo que tem ou pode pagar, mas por aquilo que é. É enxergando o outro sem os “mais” que aprendemos a dar-lhe o seu verdadeiro valor. Tão desvalorizado e explorado é aquele que é amado pelos “mais” que tem, como aquele que é rejeitado pelos “mais” que não tem. Pois, na verdade, não é o “mais” que vale, o que vale é a pessoa.
Não nos enchemos de vazio, mas também não nos esvaziemos dos valores verdadeiramente humanos...
Peçamos ao Senhor que nos liberte dos “mais”, das adições desnecessárias na vida. Que reconheçamos que nossa dignidade brota de sermos amados pelo Amor. Fora a aparência, fora a incapacidade de se reconhecer digno, fora a discriminação e os preconceitos! Basta sermos o que verdadeiramente somos: Dignos porque amados. Só quem se reconhece digno, reconhece a dignidade dos outros, e então não precisa passar por cima deles.
Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS