XV DOMINGO DO TEMPO COMUM LUCAS 10,25-37 - Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS
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XV DOMINGO DO TEMPO COMUM
LUCAS 10,25-37
Três elementos que se complementam mutuamente: Uma pergunta: “Que devo fazer para ganhar em herança a vida eterna?” Um paradigma: “E quem é o meu próximo?” Um desafio: “Qual destes três foi o próximo do homem?”
Assim, à pergunta de como viver na plenitude eterna do amor de Deus, Jesus responde com o apelo de fazer-se próximo do outro, ou seja, praticar a compaixão.
Lembro-me de uma anedota: Numa Eucaristia, enquanto eu dava a comunhão aos fiéis, caiu só chão uma particula. Eu, com o devido respeito, peguei a hóstia consagrada (Corpo de Cristo) do chão. Imediatamente um ministro da comunhão pegou um pano e limpou o lugar onde caiu a hóstia. Mesmo depois da comunhão voltou ao lugar e limpou ainda mais. Eu pensei: “Que belo tanto amor deste homem por Jesus Eucaristia!”. Quando terminou a celebração eu me dirigi ao átrio da paróquia e, ato seguido, o mesmo ministro da comunhão, estava xingando um mendigo por estar no átrio impedindo o passo dos fiéis. Sem julgar, eu pensei: “Esse ato de amor a Jesus na Eucaristia, não está sendo confirmado no ato de amor a Jesus no irmão que pede compaixão”. Que falsa piedade! Pois, só a compaixão é o verdadeiro sinal do nosso amor a Cristo.
É essa a piedade que pede Jesus de nós? É esse o mandamento do amor que se expressa e se reflete no intuito de nos relacionarmos com os nossos irmãos?
O Evangelho nos coloca perante um homem totalmente desprotegido, em extrema necessidade (despojado, espancado, quase morto). Dois homens comprometidos com o mundo de Deus: um sacerdote (que vem de exercer seu serviço sacerdotal no templo) e um levita (responsável pelo esplendor da liturgia e da vigilância do templo) “viram e seguiram adiante”. Foram incapazes dum ato de amor que implicava riscos, gastos econômicos e impureza (pois estava ferido). Eles, pretendendo louvar Deus, esqueceram o rosto do seu irmão que tinha necessidade.
Mas, um samaritano (inimigo dos judeus) “chegou perto dele, viu e sentiu compaixão”. Este agiu como um verdadeiro homem de Deus, porque agiu como Deus mesmo age: “com misericórdia” (Os 11,8). Sentiu comoção interna: a dor do moribundo entrou no coração do samaritano. Vejamos como todas as suas ações implicam um ato de despojamento e comprometimento pessoal; mas também um ato de verdadeira caridade que não é só assistencialismo provisório e fútil, mas de recuperação total do irmão ferido: “aproximou-se; cuidou das chagas; colocou-o no seu próprio animal; conduziu-o à hospedaria; dispensou-lhe cuidados, pagou a conta...”. Ou seja, o samaritano doou-se por este desconhecido (que culturalmente era o seu inimigo), se fez próximo, superando os preconceitos raciais, culturais e religiosos.
Já a pergunta não é “quem é o meu próximo” e, sim, como “fazer-me -eu mesmo- próximo?”. O próximo não é o outro. O próximo sou eu toda vez que pratico a compaixão para com meu irmão (não só aquele do meu entorno familiar e cultural, mas todo ser humano, sobretudo o mais necessitado).
Que devo fazer para ganhar em herança a vida eterna? “VAI, E FAZE A MESMA COISA” ... ser próximo, agir com compaixão, amar até doar-se totalmente. Esta é a verdadeira piedade, este é o verdadeiro culto a Deus, o autêntico caminho para viver já, desde agora, a plenitude em Deus Amor. Às vezes estamos tão ocupados com Deus que esquecemos o irmão, imagem e semelhança d’Ele. Isso, para o verdadeiro cristão, desvirtua qualquer tipo de devoção.
Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS